Governo de João não dá bolas para a intensa repercussão das prisões e diz que os ecos não abalaram os lustres do Palácio
O alarido das prisões não causou eco no interior do Governo, pelo menos não causou maiores repercussões nos cardeais do esquema político do governador João Azevedo.
Protagonistas da 11º fase da Calvário como Edivaldo Rosas, que integrou o primeiro escalão da gestão e 2019 e foi pomo de discórdia entre a ala socialista aliada do ex-governador quando escolhido para a Chefia de Gabinete, já não faz parte das recordações dos barões do Cidadania e foi deletado da memória de alguns, que sentem dificuldade para reconhecê-lo como colega de gestão.
Mas se o baronato do Cidadania sofre de amnésia política o procurador chefe do Gaeco, Otavio Paulo Neto, tem a dele funcionando perfeitamente e acentua que a organização criminosa continua em ação e ainda instalada supostamente na máquina pública, seja no estado seja na prefeitura da capital.
O alerta do procurador chefe, uma projeção do célebre Elliot Ness, personagem do filme Os Intocáveis, aquele grupo de promotores americanos que combateu Al Capone, aponta para a sobrevivência do monstro, uma versão da Hidra de Lerna, cujas cabeças resistiram aos golpes fenomenais do mais famoso herói grego, Hercules, um semideus.
A tranquilidade com que membros do Governo encaram a 11º fase da Operação Calvário tem respaldo na insuspeita idoneidade de João Azevedo cuja convivência e participação em esquemas suspeitíssimos vem dos tempos de Sara Cabral, uma réplica, em miniatura, da organização de Ricardo e de onde João saiu incólume.
A declaração do procurador chefe do Gaeco, Otávio Paulo Neto, causa apreensão e inquietude e adverte ao governador para a necessidade de se afastar cada vez mais dessa estrutura contaminada que ainda permanece dando sustentação ao seu Governo evitando assim que as laranjas podres apodreçam o balaio.
Para alguns conselheiros de João, não há culpa formalmente firmada contra os denunciados, o que sugere que eles estariam informalmente presos e acusados, e, em razão disso, não justificaria uma condenação antecipada, o que explicaria a permanência de muitos no Governo.
Em outras palavras: é pagar para ver e pela relutância em varrer o Governo, João estaria disposto a pagar.