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Haddad toma posse e promete nova regra fiscal; Guedes não repassou cargo

O advogado e economista Fernando Haddad (PT) assumiu o Ministério da Fazenda nesta segunda-feira (2) reafirmando o compromisso de enviar ao Congresso Nacional ainda no primeiro semestre a proposta de um novo arcabouço fiscal, em substituição ao teto de gastos.

Em seu primeiro discurso após ser empossado no cargo, Haddad buscou passar uma mensagem de responsabilidade com as contas públicas, combate à inflação e prioridade aos temas sociais. (Via Folha de S. Paulo)

“Não estamos aqui para aventuras. Estamos aqui para assegurar que o país volte a crescer para suprir as necessidades da população naquilo que são seus direitos constitucionais em saúde, educação, no âmbito social e, ao mesmo tempo, para garantir equilíbrio e sustentabilidade fiscal”, disse.

Haddad chegou com um discurso redigido, mas ao longo da fala fez uma série de improvisos. A cerimônia ocorreu no teatro CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do governo de transição em Brasília, local acessado apenas por convidados: servidores, representantes do empresariado, governadores e secretários estaduais. Jornalistas foram alocados em outra sala, e o acesso presencial à cerimônia foi restrito a fotógrafos e cinegrafistas.

Embora o discurso de responsabilidade social e controle do endividamento tenha sido repetido pelo novo governo desde que Haddad foi indicado para a Fazenda, investidores e economistas têm mostrado preocupação com indicativos de aumento dos gastos públicos e de maior intervenção estatal na economia.

Nesta segunda, primeiro dia do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o mercado aberto, o dólar abriu em forte alta, que chegou a superar 1% às 9h15.

Em seu discurso, Haddad deu recados e procurou responder justamente às principais preocupações do mercado financeiro. “Um Estado forte não é um Estado grande, um Estado obeso. É um Estado atuante”, afirmou. “Não somos dogmáticos, somos pragmáticos, queremos resultados, mas seguimos princípios e valores.”

Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho de administração do Bradesco, estava presente na cerimônia e fez uma avaliação positiva do discurso. Ele considera que Haddad tem consciência dos desafios que enfrentará em sua gestão.

Segundo Trabuco, a ênfase no fiscal responsável é “importante e necessária” para compatibilizar a Lei de Responsabilidade Fiscal com uma Lei de Responsabilidade Social. “Essa junção é o talento que o governo está pontuando”, disse.

Sob pressão para entregar uma melhora nas contas públicas, Haddad criticou a herança econômica deixada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). “A expressão ‘arrumar a casa’ tornou-se uma metáfora comum nos discursos dos que iniciam um novo governo, uma nova administração. Mas ouso dizer, sem o receio de cometer exageros, estamos mais próximos da necessidade de reconstruir uma casa do que simplesmente arrumá-la”, afirmou.

O novo ministro classificou as medidas da gestão anterior como “os golpes mais duros” contra a população e ressaltou que, muitas vezes, os atos “contrariaram o bom senso e a recomendação de técnicos da Economia”.

Ele citou como exemplos a inclusão indevida de famílias no programa de transferência de renda e a distribuição de “benesses e desonerações fiscais” para empresas. “Estamos falando, portanto, de um rombo de cerca de R$ 300 bilhões, provocado pela insanidade”, disse.

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