HOJE: Associações, que integram a segurança pública, reúnem-se com o Governo, e calam sobre os escândalos que afundam o setor
Nunca a ameaça de uma greve foi tão bem recebida pelo Governo do Estado como essa que se anuncia para o dia 5 de fevereiro e que vem sendo convocada nas portas dos quarteis e delegacias.
No grosso modo uma paralisação às vésperas do carnaval e dentro da alta estação de verão, quando a capital está regurgitando de turistas e visitantes, causaria transtornos, caso a principal força policial aderisse a greve, o que não pode ser considerado haja vista os rendimentos dos policiais militares, que se não é igual aos demais estados mostra-se bem superior à media salarial dos servidores públicos da Paraíba.
Como força maior e mais estruturada do Governo a adesão da Polícia Militar a qualquer movimento de paralisação incomodaria e muito a sociedade já que, mesmo deficitário o efetivo de 10 mil homens e mulheres, recolhidos aos quartéis e de braços cruzados, transtornaria a vida dos paraibanos.
Mas a realidade salarial dessa tropa não estimula atender a convocação açodada das lideranças voltadas muito mais para os inativos do que propriamente para quem está no batente reforçando o soldo com penduricalhos os mais variados.
E vamos aos exemplos: para isso, uma rápida consulta ao Sagres revelaria que um soldado de Polícia ganha em média 4 mil reais por mês, salário que na atual conjuntura não é nada desprezível diante da política imposta ao país e cujos valores são anunciados como atrativos nos muitos concursos públicos, trombeteados pelos cursos preparatórios
Um sargento receberia um pouco mais passando dos cinco mil reais, valores que revelariam e explicariam a apatia dos quartéis diante da aguerrida convocação de velhas e exauridas lideranças a se esgoelarem contra os Governos, indiferentes aos escândalos de projeção nacional que atingem a corporação, enfiada em aventuras escabrosas, apontando para relações incestuosas do alto comando com organizações criminosas, mas que não causa nenhum constrangimento desde que o estômago seja atendido e contemplado.
Subindo para os oficiais pode se constatar que um capitão recebe um soldo que varia entre 12 a quase 15 mil reais, valores que deixa muito gente de queixo caído e inveja afrontada levando-se em conta a realidade salarial dos demais servidores públicos.
Major ganha na polícia militar soldos que oscilam entre 14 e 16 mil reais, o que termina por explicar o vazio e o desanimo das muitas manifestações de protestos encabeçadas pelas lideranças dos inativos, cuja remuneração realmente deixa a desejar, mas já não fazem nada principalmente greve.
E vamos deixar os coronéis de lado porque senão quem vai entrar em greve é o resto dos servidores estaduais.
A reunião desta tarde entre o governador deve ser uma dessas cenas bem ensaiadas nos bastidores por astutas raposas, onde um governante generoso deve conceder algum benefício em troca da conivência das associações com o silêncio mantido em torno da repercussão devastadora do envolvimento do aparelho de segurança do estado com milícias e outras aventuras nada republicanas, que caracterizaram oito anos de criminalidade institucional e que hoje servem para irrigar as colunas de Revista de circulação nacional como A Veja.
A reunião realiza-se em silêncio sepulcral sobre todo noticiário que revela o envolvimento de policiais civis e militares com a organização criminosa desbaratada pelo Gaeco.
Como prolongamento desse silêncio estarrecedor a greve e a reunião para debater exaustivos temas cuja definição já foi tomada pela Justiça mostrando-se convenientes para o momento de vexame.
E o ribombar de um acordo que contemple com alguma coisa os inativos, uma cortina de fumaça para encobrir e disfarçar a situação constrangedora de um governo que se omite de algo tão vergonhoso e exaustivamente comprovado que seria a extensão da gestão passada na atual demonstrada pela permanência de figuras de proa de uma organização que capturou o Estado e saqueou os cofres públicos, espalhando o terror entre os Poderes.
Nada disso será tema de discussão entre associações e Governo nesta tarde já que o estômago rejeitou os ingrediente subjetivos em discussão nas redes sociais, para se ater unicamente ao bolso, já que ética e moral não fazem feira nem pagam conta.
Desse encontro só quem poderá sair ganhando é o governador. Mesmo que ofereça ninharias aos inativos. E dele, mais derrotadas do que nunca, as associações omissas diante dos fatos escandalosos que denigrem a imagem das corporações, comparadas as milícias que apavoram a sociedade sem que se escute mais as vozes que um dia se insurgiram contra a tirania de tantos governos.