Hoje é dia!
“E quando é o Dia do Homem?”. A pergunta, provocadora, parte de alguns homens, claro. Como uma reação ao feminismo, ou simplesmente ao avanço natural das mulheres na sociedade.
Hoje é o Dia Internacional da Mulher, uma oportunidade para comemorarmos vitórias e meditar, também, sobre alguns caminhos a trilhar. Porque a luta não para enquanto existir preconceito, humilhação, resistência à ocupação, pela mulher, de espaços privilegiados e quase exclusivos dos homens; ou enquanto houver assassinatos de mulheres que se opõem ao domínio masculino.
A partir da minha própria vida, lembro alguns avanços no jornalismo paraibano. Quando entrei na redação do jornal A União em 1980, ainda estudante do curso de Comunicação Social na UFPB, praticamente não havia mulheres. Era um espaço dominado pelos homens. Mas a jornalista Lena Guimarães rompeu barreiras e logo ela estava ocupando a chefia de reportagem – um passo importante, naquela época.
Nos demais jornais da cidade, a paisagem se repetia. Homens eram os senhores das redações. Aos poucos, as mulheres foram “invadindo” as redações, ocupando seus espaços na reportagem e nos cargos de chefia.
Lembro de um fato que me deixou estarrecida nos anos 80. Falava-se que mulher não deveria apresentar telejornais noturnos, porque um homem daria mais credibilidade à notícia. No início da TV Cabo Branco, a posição coube, de fato, a um homem. Depois, Edilane Araújo provou que a mulher pode, sabe e brilha num telejornal noturno, emudecendo as vozes contrárias.
Sou editora-geral do Jornal A União, formando um time de comando ao lado da editora-adjunta, Renata Ferreira, da secretária de redação, Thais Cirino, e da chefe de reportagem, Teresa Duarte. A presidente da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), à qual se insere o jornal, é Naná Garcez, contemporânea dos tempos de faculdade. Avançamos, portanto.
Dá preguiça, sono ou tédio discutir com um homem que ainda resiste ao direcionamento de uma mulher, seja numa redação de jornal/portal/rádio/TV, numa empresa privada ou nos órgãos públicos. A ex-presidente Dilma Roussef sofreu toda sorte de baixarias machistas. Até nojentos decalques pregados em tanques de gasolina.
A ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon, quando atuou como corregedora do Conselho Nacional de Justiça, sofreu fortes resistências de juízes e desembargadores brasileiros, flagrados em alguma irregularidade. Foi alvo do que atualmente se chama violência de gênero. Uma violência que persiste.
Portanto, nós não vamos parar de caminhar – ou de correr.
Salve o Dia Internacional da Mulher!
Que texto inspirador e necessário! É essencial reconhecer e celebrar não só as conquistas das mulheres, mas também refletir sobre as barreiras que ainda precisam ser derrubadas. A história compartilhada sobre a evolução das mulheres no jornalismo paraibano é um testemunho poderoso do progresso alcançado, mas também um lembrete de que a luta pela igualdade de gênero está longe de acabar. A perseverança e a determinação das mulheres, como as jornalistas Lena Guimarães e Edilane Araújo, são exemplos inspiradores de como é possível desafiar e superar estereótipos de gênero. E, é claro, é crucial denunciar e combater qualquer forma de violência de gênero, seja no ambiente de trabalho ou em qualquer outro lugar. O Dia Internacional da Mulher é uma oportunidade não apenas de celebração, mas também de reafirmação do compromisso com a justiça e a igualdade. Parabéns a todas as mulheres que continuam a trilhar esse caminho, e que sirvam de inspiração para todos nós, homens, na busca por um mundo mais justo e equitativo.