Indigenista assassinado será sepultado nesta sexta-feira em Recife
O corpo do indigenista pernambucano Bruno Pereira chegou ao Aeroporto Internacional dos Guararapes em um jato da Polícia Federal, por volta das 18h40 desta quinta-feira (23). Logo após o pouso, os restos mortais do indigenista foram colocados em um carro funerário que seguiu para o Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR), onde ele será velado e cremado nesta sexta (24).
De acordo com a administração do cemitério, o velório será aberto ao público e ocorrerá a partir das 9h, na sala de velório central. Já a cremação, que está marcada para às 15h, será reservada à família.
Segundo a delegada da Polícia Federal, Luciana Martorelli, estavam no avião sete policiais federais e uma perita do Instituto Nacional de Criminalística, de Brasília.
Entenda o caso
O indigenista foi morto a tiros aos 41 anos junto com o jornalista britânico Dom Phillips, enquanto iam de barco para a cidade de Atalaia do Norte, oeste do estado do Amazonas, na região da reserva indígena do Vale do Javari, durante uma pesquisa para um livro sobre a preservação ambiental da floresta.
Eles foram vistos pela última vez em 5 de junho, e os restos mortais foram encontrados no dia 15 deste mês. Porém, as identidades do indigenista e do jornalista só foram confirmadas entre os dias 17 e 18.
Investigações
Segundo a Polícia Federal, os dois foram mortos por pescadores ilegais quando passavam de barco pela reserva do Vale do Javari. Bruno Pereira foi morto com dois tiros na região abdominal e torácica e um na cabeça. Dom Phillips levou um tiro no abdômen/tórax. A munição usada no assassinato foi típica de caça
A perícia nos restos mortais do indigenista e do jornalista foi concluída na quarta-feira (22), de acordo com a PF. Porém, mesmo com a liberação dos corpos, os trabalhos continuam no Instituto Nacional de Criminalística, concentrados na análise de vestígios diversos.
Os investigadores apuram a participação de oito pessoas envolvidas no assassinato de Bruno e Dom. Três dos suspeitos estão presos e cinco foram identificados por terem participado da ocultação dos cadáveres. Os presos são Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado – que confessou o crime -, Jefferson da Silva Lima e Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos.
Nesta quinta-feira (23), a Polícia Civil de São Paulo anunciou a prisão de mais um suspeito. Trata-se de Gabriel Pereira Dantas, que se apresentou espontaneamente a policiais no centro da capital paulista. O suspeito disse que foi o responsável por pilotar o barco que Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, usou para cometer os crimes.
O suspeito permanecerá detido e um pedido de prisão já foi formulado à Justiça. Porém, o relato dele ainda não foi confirmado pela Polícia Federal e pela força tarefa no Amazonas, responsáveis pela investigação do caso.
Homenagens
O Cemitério Morada da Paz disponibilizou uma página na plataforma Morada da Memória para o envio de mensagens e orações em homenagem ao indigenista.
Bruno Pereira
Nascido no Recife, Bruno Pereira deixou Pernambuco, em meados dos anos 2000, para seguir o sonho de trabalhar na Amazônia. Foi servidor de carreira da Fundação Nacional do Índio (Funaj), e reconhecidamente defensor das causas indígenas. Casado com a antropóloga Beatriz Matos, o indigenista deixa três filhos.
Ele estava atuando como colaborador da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), uma entidade mantida pelos próprios indígenas da região, que tinha como foco impedir a invasão da reserva por pescadores, caçadores e narcotraficantes. A Univaja confirmou que estará presente no Recife ao lado da família de Bruno para a última despedida.
Matéria transcrita do site Folha de Pernambuco