Investigações podem se aprofundar para desvendar até onde ia o trabalho de escolta da Casa Militar
Alguns espaços da Imprensa anunciam como irreconciliável e incontornável as relações no PSB a partir do instante em que ninguém quer assumir a responsabilidade pelo rompimento, um estrago imensurável do ponto de vista da direção nacional, que não quer perder um Governador e um senador haja vista que Veneziano Vital do Rego não vai abandonar a sombra fresca do Poder para sustentar a arrogância histérica de Ricardo Coutinho.
Depois de arrotar valentia e prepotência junto aos líderes nacionais do partido, ao ponto de conseguir a intervenção no Diretório Estadual, Ricardo viu a legenda murchar e na hora da onça beber água, ninguém foi vê-la matar a sede.
Meia dúzia de gatos pingados ao redor e uma bancada reduzida a poucos xiitas dispostos a detonarem a bomba enrolada na cintura. Um vexame, que esboçou a verdadeira liderança de Ricardo, mostrando que, uma coisa é ter a caneta e o diário e outra apenas a bazófia como arma.
POLÍCIA X POLÍTICA
E o mais grave, e o que ainda não foi explorado por João Azevedo e aquela tropa que o cerca, é que faz tempo à discussão política perdeu importância para os fatos policiais, verdadeiramente a razão maior para o rompimento sob pena de João mergulhar na lama que infesta a gestão passada a cada dia mais envolvida em situações escandalosas, revelando toda extensão do saque promovido aos cofres públicos, comprometendo toda política de continuidade que Ricardo impôs ao sucessor, obrigado manter nos cargos auxiliares cujas reputações foram liquidadas pela Operação Calvário.
O estrago causado pela delação de um só dos presos, Leandro Azevedo, cuja influência dentro do esquema criminoso seria relativa, pode dar a dimensão do que deve vir à tona quando peixes graúdos como Livânia e Ivan começarem falar.
A prisão de Ivan Burity eclipsou alguns aspectos da 5º fase da operação já que os delatados por Leandro como o deputado federal e ex-vice governador Rômulo Gouveia e o Chefe da Casa Militar, coronel Chaves, passaram para um plano inferior na avaliação da Imprensa, por exemplo.
Mas, com certeza, eles são pontas do iceberg desse monumental esquema de corrupção revelando que pastas, tão próximas ao governador Ricardo Coutinho, atuavam de forma incisiva na distribuição e no recebimento do dinheiro desviado da saúde dos paraibanos.
Notadamente é preciso chamar atenção e prestar atenção na atuação do Chefe da Casa Militar de Ricardo Coutinho, coronel Chaves, porque fica evidente que aquele setor do Governo participava e operava nas ações de saque ao erário já que supostamente o coronel fazia a escolta do dinheiro trazido de avião por Ivan Burity.
É preciso apurar a extensão desse envolvimento para que não paire dúvidas sobre a Casa Militar ainda operando com as digitais do oficial morto acusado de participar do esquema criminoso, que surrupiou 1 bilhão da Saúde dos paraibanos.
É certo que os mortos devem permanecer em paz, mas é preciso tirar a limpo o que restaria de sua passagem em vida pela Casa Militar já que a única coisa que mudou por lá foi sua ausência provocada por um acidente de carro numa madrugada esquisita pelas estradas do sertão.
Pode se cogitar que a Casa Militar fosse um braço eficaz do esquema criminoso, já que seu chefe atuava de forma acintosa, segundo a delação de Leandro Azevedo, na escolta do dinheiro arrecado e encaminhado para agentes de destaque na administração estadual como o vice-governador Rômulo Gouveia.
É cabível perguntar: teria sido apenas aquela vez que o coronel morto escoltou dinheiro de propina ou era praxis escoltar esse dinheiro de origem criminosa? Quem mais dentro da casa Militar dava apoio ou recebia instruções para esse tipo de escolta?
Há um mundo de indagações e de suspeitas sobre espionagem telefônica, chantagens e extorsão nesse trabalho de segurança junto ao Governador.
Pelas delações, integrantes da Casa Militar faziam escolta de dinheiro produto da corrupção, entre eles o chefe. Mas há murmúrios de que armavam campanas para arrebatar dinheiro de adversários, surpreendidos na posse de recursos de campanha, sem origem legal cujo montante era rateado entre os apreensores.
Há relatos de oficiais que teriam se recusado participar desse botim e que foram alijados do esquema e ameaçados para não delatar.
A delação de Leandro, envolvendo o coronel Chaves, levantaria a ponta desse cenário tenebroso, que o dinheiro transportado por Ivan sugere, e que pode ultrapassar os muros do palácio, escoando para outros endereços, porque é lícito e razoável imaginar que não seria apenas o coronel, o militar responsável para escoltar o dinheiro da rapinagem.
Já é mais do que evidente, que a organização criminosa agia dentro do Governo em setores onde o mundo nebuloso das licitações se mostrava mais atraente, e a longevidade de certos auxiliares pode estar atrelada a essas ações de escolta como também associada à drenagem de dinheiro para o propinoduto, que agia nas sombras do Governo passado.