João precisa atender ao clamor público e seguir com quem pode andar no caminho da decência
Tem muito da fábula do Lobo e do Cordeiro esse rame-rame do PSB, onde, atrás de qualquer pretexto, o lobo termina devorando a pobre ovelhinha. Nada mais parecido do que a violência política empregada pelo ex-governador Ricardo Coutinho quando percebeu que tinha sido afastado do Governo, não apenas de direito, mas também de fato, ao ver escorregar de suas mãos, o controle da máquina estatal e do partido.
Agora, acossado pelos desdobramentos da Operação Calvário, constrangido de sair a público para dar aquelas declarações, recheadas da moral republicana, atropelada impiedosa e inescrupulosamente por gente tão próxima a ele quanto o deputado federal Gervásio Maia, Ricardo faz do ilustre representante de Catolé cavalo de santo e dispara aquilo que não tem respaldo moral para dizer transferindo para João Azevedo a responsabilidade pelo desmoronamento da legenda que julgava como sua.
Não serão declarações cavilosas de quem não respeita sequer as fronteiras dos lares da família, que irão repor a verdade no seu devido lugar ao jogar para o governador uma responsabilidade que a Paraíba já cansou de saber a quem atribuir.
Qualquer lar paraibano, qualquer recanto do Estado compreende que o racha do PSB foi decorrência de uma estratégia equivocada de continuidade priorizando pessoas, em vez de projetos, e que essa organização criminosa revelada pelas investigações do Gaeco precisa ser extirpada do Governo, o que obriga moralmente João Azevedo se livrar de toda e qualquer relação com esse grupo suspeitíssimo para não afundar junto, agindo sem medo e sem receios, porque não há mais como separar o joio do trigo, as essas alturas do campeonato, onde tudo que representa girassol virou lama ou foi chamuscado pelas labaredas da Operação Calvário.
Então, não há mais como perder tempo e deixar que as coisas aconteçam ao sabor das investigações, porque as declarações de Gervásio Maia exprimem o que a ala liderada por Ricardo pensa e sente respeito do governador e a ele vai atribuir toda e qualquer responsabilidade pela extinção de uma legenda que ainda se encontra de pé, porque escorada pelos muros do Palácio da Redenção.
A Operação Calvário revelou que toda organização criminosa infiltrou-se nas repartições do estado de preferência onde havia licitações milionárias e essa atividade indecorosa continua necrosando a gestão em razão da hesitação para fazer o que o clamor público exige faz tempo: afastar definitivamente todo esquema suspeito e seguir a vida na companhia de gente mais decente, porque a frase certa seria “anda comigo quem pode andar” porque querer andar tem muito espertalhão andando ainda no ritmo dessa desmoralizada política de continuidade onde o crime fez moradia e tem dado trabalho para desgarrar.
Não se trata mais de uma questão política até porque não há mais razão para manter o que teria sido acordado em razão das revelações da Operação Calvário, que destruíram a moralidade da qual se revestia o discurso de Ricardo despejado na latrina prisão após prisão, o que ainda pode acontecer com mais intensidade assim que Ivan Burity resolver falar durante uma crise de abstinência.
Ao tomar a atitude correta de se livrar dessa carga maldita e pesada, João estará atendendo o que determina a moralidade e vai botar um ponto final nesse lengalenga sobre quem rompeu transferindo definitivamente para a posteridade o julgamento final deste capítulo lamentável da histórica política do Estado, onde e quando um bocado de bandidos pousaram de mocinhos.