João reluta, dilata prazo para decidir seu destino político e pede paciência aos aliados do G11
O governador João Azevedo pediu calma aos aliados sobre sua decisão de sair ou permanecer no PSB, o que reflete o clima de tensão dentro da legenda na busca desesperada por espaços, muito mais e quase que unicamente, do que por questões políticas, aquelas que envolvem destituição de diretórios.
A questão do diretório é consequência e não causa do conflito que explodiu dentro do PSB, engalfinhado desde que foi estabelecida a política da continuidade, resultando no congestionamento da máquina estatal ocupada única e exclusivamente pela tropa de choque do ex-governador Ricardo Coutinho, cujos projetos de permanecer governando foram abortados pela eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa.
Ao não desocupar o território conquistado pelas urnas, esfacelou-se a unidade do esquema político e outros fatores incidiram para a crise que se arrasta e que inviabiliza a permanência de João Azevedo no partido, entre eles, e com certeza o principal, que seriam as devastadoras revelações da Operação Calvário sugerindo a João afastar-se com urgência desse mar de lama que a gestão passada produziu e cujos efeitos, nefastos, aconselham sua retirada urgente de ambiente tão contaminado pela corrupção.
É mais do que óbvio que o pretexto usado pelo governador para justificar sua saída seja a violência empregada para destituir o diretório estadual do PSB, mas não há como olvidar ou obscurecer o desmoronamento moral do partido e da máquina estatal herdada, infestada de suspeitos de participação e colaboração no esquema criminoso e cuja presença empresta um ar de cumplicidade a atual gestão, caso não haja uma reação decisiva do governador para pôr um fim a essa relação escabrosa, já que a “Mulher de César deixou de parecer honesta” faz muito tempo.
Não são as implicações políticas que determinam a saída de João do PSB. Elas têm seus reflexos, porque é preciso acomodar quem contribuiu para a vitória de sua candidatura ainda na expectativa de usufruir os louros da conquista arrebatados por uma tropa belicosa, que resiste compartilhar o Governo, julgando-se detentora de privilégios, que a dinâmica política não comporta nem permite.
O fator preponderante para a saída de João do PSB seria as consequência devastadoras dessa operação policial que destruiu o discurso de moralidade com o qual Ricardo varreu o cenário político, afastando velhas e corroídas lideranças, mas com as quais se confunde depois que a Calvário mostrou que tudo não passava de hipocrisia e que os métodos, tão combatidos arrastaram-se para dentro de sua gestão, com ataques articulados e bem planejados ao erário.
Muito mais grave do que a dissolução do diretório é a herança de improbidade que lhe foi deixada e com a qual João vem sendo complacente ao não decidir afastar os remanescentes desse patrimônio de escândalos.
Muito mais urgente e o que a Paraíba espera é que ele se decida sobre se vai continuar compactuando com esse cenário de suspeitas, deixando que as exonerações se façam por força de decisão judicial ou se vai limpar a área com a caneta e com o diário para abrir espaços para auxiliares menos suspeitos.
Por último, não é o PSB que tem de decidir: quem te decidir é o governador sobre o rumo que quer dar a sua gestão vivendo aos sobressaltos de cada fase da Operação Calvário, porque, quem precisa ter um governador são os paraibanos e de quebra os aliados do G11, impacientes com a indefinição do Chefe do Executivo.
“O PSB precisa decidir se quer ter um governador ou não. Quem gerou a crise que resolva. Volto a afirmar que não concordo com a forma que Edvaldo Rosas foi retirado da presidência estadual. Foi abrupta e sem diálogo. Peço paciência (aos aliados). É importante entender que o prazo para se definir alguma coisa se estende até abril. É evidente que não vamos esperar esse tempo todo para tomar uma decisão com relação a essa questão partidária e política. Até o final do ano estaremos efetivamente definindo essa questão”, garantiu.