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Liderança feminina fortalece inclusão e diversidade no MIDR

Chefes de gabinete, ouvidoria e participação social contam como suas trajetórias reforçam o compromisso com a diversidade

Mulheres líderes no MIDR reforçam o compromisso com a diversidade (Foto: Yasmin Fonseca/MIDR)

 

Brasília (DF) – Com 43% de mulheres em cargos de decisão, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) foi o primeiro órgão executivo da gestão federal 2023-2026 a instalar um Comitê Permanente de Gênero, Raça e Diversidade. O objetivo é garantir a inclusão de políticas transversais de Direitos Humanos tanto para o público interno quanto para a população.
O Comitê tem como uma de suas principais metas a conquista do selo PNUD de Igualdade de Gênero e Raça até o final de 2026. Para alcançar esse objetivo, elaborou um plano de ação estruturado em três eixos. O primeiro foca na promoção de atividades formativas, incluindo cursos, eventos e campanhas. O segundo envolve a sistematização de dados, diagnósticos, planejamento e monitoramento de ações afirmativas. Já o terceiro eixo abrange estratégias voltadas para a equidade e a não discriminação, além de iniciativas direcionadas às populações diretamente envolvidas nos projetos e programas da pasta.
À frente desse trabalho, três mulheres se destacam: a chefe de gabinete, Marilene Nascimento; a chefe da Ouvidoria, Paula Yida; e a chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade, Natália Mori. Elas compartilham a dedicação aos estudos, a gratidão pelas carreiras conquistadas e o entusiasmo pelo trabalho.

Chefia de Gabinete: da sala de aula à gestão pública

 

Graduada em Direito e em História e pós-graduada em Planejamento e Avaliação de Políticas Públicas e Estatística, com ênfase em educação, a chefe de gabinete do MIDR, Marilene Nascimento, prefere identificar-se apenas como professora. “Me vejo como uma facilitadora, uma interlocutora, aquela pessoa aberta ao diálogo, aberta a ensinar o que aprendi”, afirma.

Distante da sala de aula há mais de dez anos, Marilene diz que a natureza de sua função no governo federal mantém elementos essenciais para ela desde a juventude. Ainda adolescente, seu primeiro trabalho foi dar aulas de reforço escolar para crianças. “Estou aqui para facilitar: a interlocução do Ministério com outras pastas, as agendas estratégicas do ministro Waldez Góes e as pautas transversais tanto dentro, quanto fora do MIDR. Ser facilitadora é o que me move”.

Profissional de gestão pública há 31 anos, a servidora cita como um dos pontos altos da carreira o período entre 2016 e 2019, quando participou da instalação da ferramenta Transferegov.br no estado do Amapá. “Foram anos intensos formando multiplicadores do sistema. Trabalhamos arduamente nessa política pública e entendemos que não era só aprender o sistema, mas perceber o quanto o círculo virtuoso de convênios federais da gestão pública era importante e relevante para mudarmos realidades dentro de estados ou de municípios”.

Marilene conta que adotou uma metodologia de ensino, que não apenas foi replicada para outros estados, como ainda reverbera: “Tive a oportunidade de cooperar tecnicamente com outros territórios e até hoje palestro sobre o método que desenvolvemos”.

Como fórmula para o ingresso e a manutenção das mulheres no mercado de trabalho, a chefe de gabinete defende a busca por formação e por constantes atualizações. “Foi o meu pavimento e ainda é. É o que acredito e recomendo: nunca abrir mão do nosso direito à obtenção de conhecimento. A vida da mulher é complexa, mas é possível”.

Chefe da Ouvidoria: escuta ativa e propósito

 

Com formação em Arquitetura e Urbanismo e ampla experiência no serviço público federal, a ouvidora do MIDR Paula Yida diz que a área da ouvidoria foi uma curva na carreira, há cerca de 5 anos, onde ela se encontrou. “Gosto de lidar com pessoas. Entender o que as pessoas realmente querem é a chave para oferecermos um serviço público de qualidade”, afirma.
Paula conta que, ao estabelecer a ouvidoria do MIDR, fez questão de garantir que ficasse no andar térreo. Para ela, acessibilidade e acolhimento são parte essencial desse trabalho. “Outro dia, uma colega de fora esteve aqui, viu e perguntou: você conhece todo mundo? Respondi que sim. Porque gosto de conhecer todo mundo aqui no ministério e todo mundo vem aqui conversar”.

Ela lembra de exemplos dessa proximidade quando colaborou com um projeto de avaliação da experiência do usuário do serviço público da Controladoria Geral da União. A equipe da ouvidoria do MIDR foi até Bom Jardim, em Pernambuco. “Conhecemos todo o trajeto da operação: desde buscar água no manancial até a chegada em casa. Conversamos com usuários finais, pipeiros, exército e mais oito órgãos de Defesa Civil locais. Identificamos inúmeras oportunidades de melhorias, que já foram apresentadas e aprovadas internamente”, explica Paula.

Orgulhosa do trabalho que desenvolve, Paula faz questão de reforçar que o trabalho dela envolve o respeito e proteção da identidade de quem usa o canal para denúncias. “O sistema FalaBR é preparado para receber as denúncias de forma anônima, mesmo que a pessoa tenha feito login no Link . Além disso, editamos o texto do denunciante para diminuir riscos de identificação. E ainda, se alguém autorizado acessar a identidade, o sistema registra”, esclarece.

Como dica de crescimento pessoal e profissional para outras mulheres, Paula propõe algo inusitado: limites à capacidade de ser resiliente. “Tive uma virada de chave quando entendi que não precisava ser tão maleável assim. O mundo fala ‘você tem que se adaptar’. Mas não temos que nos moldar a tudo. Temos o direito de escolher onde queremos trabalhar e com quem queremos estar. Merecemos ocupar espaços que façam sentido para nós”.

Chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade: fortalecendo a cidadania feminina

A socióloga Natália Mori, com uma trajetória de mais de 25 anos dedicados ao estudo e à prática das questões de gênero, lidera a assessoria de Participação Social e Diversidade do MIDR. Sua paixão por esse tema surgiu ainda na infância, quando foi incentivada pela mãe a refletir sobre o papel das mulheres na sociedade.

Ela conta, com orgulho, da participação em duas conquistas históricas: as aprovações da PEC das domésticas e da Lei Maria da Penha, entre 2003 e 2008, quando foi assessora parlamentar. “A equiparação dos direitos das trabalhadoras domésticas foi uma das lutas em que mais atuei, desde o primeiro governo Lula. Por esta conquista, fizemos muitas articulações entre os poderes e o terceiro setor. Estávamos o tempo todo em inúmeras audiências”, afirma a chefe da assessoria.

Acerca da Lei Maria da Penha, Natália participou de todo o processo, desde as primeiras reuniões com especialistas, juristas e organizações do terceiro setor até o ato de assinatura no Palácio do Planalto. “Gosto muito da Lei Maria da Penha porque é um exemplo de uma lei criada a partir de um apelo popular. E também porque nos inspiramos nas legislações internacionais. Na época, a Espanha tinha acabado de fazer uma lei integral de enfrentamento e combate à violência doméstica”, conta.

Na visão de Natália, a cidadania é a base para a plenitude das mulheres, e ela se fortalece em contextos coletivos. “Todas as minhas escolhas e decisões, onde eu me engajo como cidadã, são na direção de fortalecer coletivos. Isso é algo que nos permite abrir os olhos e compreender o que acontece na vida das mulheres. Não vivemos isolados, vivemos entre seres. E nossa construção de cidadania depende desse elo, desse vínculo, que é o lugar da política”, afirma a socióloga.

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