Mais uma pérola da obtusidade crônica que devasta a ética e o decoro exigidos para o exercício do mandato eletivo – apagaram o lampião e derramaram o gás
Alguns expoentes da bancada de oposição na Assembleia Legislativa estão dando um show de escárnio, de deboche e proselitismo político tão bem interpretado e difundido pelo lendário personagem criado por Chico Anísio para zombar dos parlamentares no Brasil – Justo Veríssimo.
O escrachado personagem, cujo cinismo no exercício do mandato fictício ironizava debochadamente da classe política brasileira encontrou prosélitos aqui na PB genuinamente melhores que a ficção do incomparável humorista cearense.
Se vivo fosse, com certeza, Chico iria rever seus conceitos sobre a caricatura política no Brasil cuja evolução para o pior gerou espécimes mais bem acabados que o seu acanhado Justo Veríssimo hoje quase uma piada sem graça diante da concorrência exercida pela oposição paraibana.
A “tranquilidade” como decorrem os diálogos que vazam para o conhecimento público entre esses ilustres representantes do povo revestida daquela franqueza rude que caracterizava o personagem de Chico Anísio confirma que a realidade é bem mais grotesca do que as cenas produzidas pela caricatura do inesquecível Justo Veríssimo hoje uma pálida imagem do deboche e do escárnio comparado ao que podem expressar essas figuras detentoras de mandato eletivo no Estado.
Para quem ganha salário mínimo, uma expressiva parcela da classe trabalhadora, as declarações do deputado Walber Virgulino (Patriotas) soam como uma chicotada encharcadas de menosprezo ao dizer que não pode viver com o que ganha as massas trabalhadoras, submetidas e agora expostas a exploração do regime capitalista que a vitória de Bolsonaro implantou e impôs, e que não causa nenhuma impressão nenhum constrangimento ao representante das classe mais conservadoras e reacionárias, aquelas que o conduziram ao mandato.
Virgulino vem se esmerando em afrontar a sociedade com as declarações mais chulas e torpes, onde a linguagem de esgoto tem sido a tônica; e a virulência com que expõe seu raciocínio traduz uma ameaça e uma afronta a ética e a moral que exige o decoro parlamentar.
O deputado – ao exemplo do seu mito, parece estar sendo abandonado dentro do seu próprio ambiente notadamente pelos seguidores que o assessoram na cruzada cruel com o intuito de devastar a reputação da Assembleia, cada vez menor em consequência dos episódios grotescos haja vista os sequenciados vazamentos provavelmente oriundos do seu gabinete, onde sua truculência e despreparo para o mandato estão sendo expostos com uma assiduidade que chama a atenção e que já ganha contornos de sabotagem, onde alguém estaria de olho na vaga que a sua incontinência verbal pode propiciar.
Virgulino é o exemplo acabado da mentalidade arcaica e do retrocesso político que esse país alcançou depois que as elites retomaram o poder sempre encantadas pelos capitães de mato; aqueles que trucidavam os negros rebeldes e impunham a ordem sonhada e exercida pela força e inspiração da discriminação e do preconceito.