Maria Christina, ex-mulher de Valdemar: conheça a vida da socialite assumida
Teve três maridos, e o terceiro se encaixa nessa descrição: é o deputado federal Valdemar Costa Neto, líder do Centrão e presidente do PL, atual partido de Jair Bolsonaro. Aliás, foi graças a ele que o nome de Maria Christina começou a sair na imprensa fora das colunas sociais.
“Ô, Valdemar, me poupe, né, querido? Sou sua ex-mulher. Eu fui casada com o dono do bordel do Congresso e conheço bem como é que você se movimenta”, diz ela no vídeo. E arremata: “Eu vou fazer da sua vida um inferno”.
“Eu ia visitar o Gilberto no Congresso, e o Valdemar ficava me seguindo pelos corredores”, conta. Durante anos, diz, o deputado insistiu mandando flores e convites para jantar. “De vez em quando eu ia, mas levava uma amiga junto para ver se ele se interessava por ela.” Acabaram se perdendo de vista. Maria Christina se casou com o lobista americano James Rubin, então porta-voz da secretaria de Estado do governo Clinton, e foi morar com ele nos EUA. Rubin, posteriormente, passaria 20 anos casado com a jornalista Christiane Amanpour, da CNN.
Durante algum tempo, Maria Christina foi a anfitriã das reuniões que Valdemar promovia com políticos em sua casa em Brasília. “Eu servia suco de maracujá feito com água exorcizada. Não era benta, era exorcizada mesmo, por um padre de Brasília, um dos poucos padres exorcistas que existiam no Brasil.”
“Essa foi a primeira ‘red flag’ [bandeira vermelha, em inglês, expressão que significa sinal de alerta]. Dali para a frente, comecei a implicar com tudo. Via uma mala e perguntava: ‘De onde veio? Para onde vai? O que tem dentro?’.”
“Nós nos separamos de vez em junho de 2004. Para fazer picuinha, Valdemar mandou cortar a luz da minha casa. Cortou mesmo, diretamente num poste. Então eu contratei um caminhão-gerador, desses que se usam em festas.”
“O Lúcio era o mais perigoso de todos. Lembra da advogada Beatriz Catta Preta? Um dia ela chegou em casa, e lá estava o Lúcio brincando com o filho dela na sala. Com um revólver na mão.” Maria Christina afirma ainda que Catta Preta, defensora de vários réus da Lava Jato, abandonou a carreira alegando que sofria ameaças veladas de morte —mas é contestada pela advogada (veja abaixo).
A ex-mulher de Valdemar garante que não guarda mágoas do parlamentar —”ele foi o maior professor que eu tive”—, mas, sim, de sua própria família. Segundo ela, seus dois irmãos e seu tio manobram na Justiça para que ela não tenha acesso à herança do pai, que morreu em 2009. “Eu sou uma vítima da violência patrimonial”, se queixa.
“O Valdemar pôs no nome do partido um monte de coisas que já eram minhas antes de nos casarmos. E ainda quer mais.” O PL move uma ação para receber R$ 408 mil do espólio do pai de Maria Christina. A quantia teria sido gasta por ela em diversas despesas, durante o período em que esteve casada com o deputado.
E o que ela acha da recente aliança do deputado com o agora ex-presidente? “O Valdemar sempre disse que o Bolsonaro é burro e do baixo clero. Mas ele fez uma conta política. Hoje está liderando esses malucos da extrema direita. Ele é uma águia, já sabia quantos votos ia ter em cada urna antes mesmo da eleição. Só que eu não sei quanto tempo vai aguentar esse arranjo. Afinal, o Bolsonaro equivale a umas cinco mulheres com TPM ao mesmo tempo.”
A metralhadora giratória de Maria Christina atinge também Michelle Bolsonaro. Em uma live, ela chegou a sugerir que a ex-primeira-dama, anos atrás, se relacionou com Valdemar antes de se casar com Bolsonaro, em 2007. A fala teve ampla repercussão. “Deu umas saídas”, repetiu à coluna. “A Michelle era o que a gente chama de Maria Emenda. Meninas que vêm do entorno de Brasília, ou mesmo do interior, atrás de políticos poderosos na capital.” E dispara: “Tudo o que o Bolsonaro tem de burro, ela não tem.”
Seus planos para 2023 incluem um curso de ciência política na American University, onde afirma que ganhou uma bolsa. Mas antes irá retirar um nódulo de um seio. “Preciso cuidar mais da minha saúde. Meu nível de cortisol é altíssimo, típico de pessoas que viveram situações de extremo estresse, como uma guerra.”
OUTRO LADO
A coluna procurou as pessoas citadas por Maria Christina Mendes Caldeira para comentar as suas declarações. Até a publicação deste texto, as assessorias de Valdemar Costa Neto e Michelle Bolsonaro não haviam se pronunciado.
Lúcio Funaro e Beatriz Catta Preta desmentiram categoricamente o episódio em que a advogada teria flagrado o doleiro brincando com seu filho, com um revólver na mão.
“Nunca sofri ameaças de morte ou coisa parecida”, afirma Catta Preta. “Nunca deixei de advogar. Apenas saí dos casos da Lava Jato para preservar família e clientes. Assim como nunca saí do país, como foi noticiado na época. Continuo meu trabalho como sempre”, afirma.
Funaro é ainda mais contundente. “Quanto a comprar a senhora Maria Christina Mendes Caldeira, na minha vida eu nunca comprei mercadoria de segunda qualidade e com prazo vencido, que é o caso da mesma. Quanto a ela só falar a verdade, faz muito tempo que não ouço uma besteira tão grande.”
O Tribunal de Justiça de São Paulo, por sua vez, afirma que o desembargador Luiz Antonio Costa “não tem nenhum vínculo com o PL e nunca foi filiado a qualquer partido”. E acrescenta: “Os magistrados são impedidos pela Lei Orgânica da Magistratura de se manifestar sobre casos em andamento”.
Já a assessora do ex-deputado Roberto Jefferson afirma que “o Roberto não vai se pronunciar, pois está preso”.
A coluna ainda procurou o advogado Eduardo Lazareschi, que defende os irmãos e o tio de Maria Christina, mas não teve resposta.
Matéria assinada por Tony Goes, da Folha
Foto: Arquivo pessoal