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Militares abandonam a caserna para disputar o voto do eleitor; em Bayeux a batalha dos coturnos é mais acirrada e tem gente de metralhadora empunhada

Não deixa de chamar atenção a expressiva participação nas eleições municipais deste ano de militares de todas as forças e de todas as patentes em particular das forças policiais militares numa exibição de engajamento ao processo eleitoral que desperta comentários e interpretações as mais diversas.

Em Campina tem Cobra na chapa de Ana

Calcula-se que mais de 2000 militares participarão do processo eleitoral municipal em todo país, um aumento de 44% em relação aos últimos pleitos, e na Paraíba a tendência de fardas disputarem cargos eletivos de vereador a prefeito (e vice também) se confirma e os coturnos serão destaque nas chapas.

Eles são a novidade nessa disputa eleitoral

Até agora não foi possível definir ou estabelecer as razões para essa revoada dos quartéis – onde reina a disciplina e a hierarquia – em direção ao ambiente degradado da política.

Como exemplo dessa atração pode-se citar a escolha do sargento de Polícia, Wellington Cobra, para vice na chapa de Ana Claudia (Podemos), candidata da segunda cidade mais importante do estado e o segundo colégio eleitoral, cuja atuação no ramo do assistencialismo arcaico e no papel de paladino, revela que, pelo menos nos métodos seu ingresso não acena com mudanças.

Protagonistas de velhas campanhas querem retornar ao cenário fardados

Na capital, um tenente-coronel da PM, Ricardo Ramalho, reforça a chapa de Raoni Mendes, dos Democratas, e engrossa as fileiras na disputa com pesos pesados do quilate de Ricardo Coutinho e Cícero Lucena em um cenário de incertezas que estimula os concorrentes sonharem com o Paço Municipal.

Bayeux sem igual

Mas nada igual a Bayeux onde o cenário eleitoral ganhou contornos de caserna e militares vão se engalfinhar para convencer o eleitor de que, eles serão a solução para um município afogado em denúncias de corrupção e cujo prefeito foi afastado do cargo depois de flagrado com dinheiro de propina dentro da cueca numa das operações policiais mais grotescas dos muitos escândalos que abalaram a cidade e que ocupou as manchetes dos principais telejornais do país.

De arma em punho, capitão promete proteger na prefeitura o patrimônio dos ricos de Bayeux

Pelo menos três chapas ostentam militares, e numa delas a chapa é completa e apresenta dois capitãs – Sena e Jaerson como opção eleitoral para redimir Bayeux da tragédia política que varreu a cidade nas últimas décadas.

Um outro capitão também encabeça uma chapa, capitão Antônio, do DEM, cujo discurso bélico inclui fotos apontando armas para um inimigo invisível supostamente atocaiado nos redutos mais pobres do município, onde a miséria das drogas e outros mazelas sociais são encontradas e fazem moradia e que, pela linguagem silenciosa do capitão Antônio serão resolvidas à bala.

Na capital também tem militar nas chapas

Bayeux também terá como opção um coronel reformado da PM, coronel Ardenildo, cujos rastros se espalham por muitas gestões, mostrando que o estilo cauteloso do militar não refuga ideologicamente diante de nada.

Ardenildo já serviu a vários senhores, em Bayeux, e suas propostas não devem alterar o cenário atual caracterizado pelos vícios que levaram Berg Lima a derrocada política.

Ardenildo segue os passos do capitão Antonio que, desde que chegou a Bayeux, vindo de outras plagas, misturou-se aos desmandos anteriores, quando participavam de gestões escandalosas, cujo exemplo maior é a de Berg Lima.

Tanto Antônio como Ardenildo são velhas personagens do cenário deteriorado de Bayeux e nada teriam a prometer em termos de renovação dos costumes, já que integrantes de campanhas e de gestões como a do prefeito presidiário.

Estreitamente ligado a grupos de empresário ricos da cidade, o capitão Antônio tem uma linguagem subliminar cujo teor e significado seriam a defesa intransigente e truculenta do patrimônio sempre ameaçado pelos mais necessitados e que, na sua belicosidade apurada no dia a dia, preservando a ordem injusta que predomina na sociedade, deve ser prioridade de sua gestão.

De forma silenciosa, capitão Antônio sinaliza com sua postura de vigilante patrimonial, caso eleito, que deve rechaçar as injustiças sociais de forma virulenta. E na bala se as algemas não resolverem.

De novidade, seria apenas a chapa puro sangue dos oficiais Sena e Jaerson praticamente enfrentando o batismo de fogo das urnas, e cujo discurso afável faz contraponto a virulência bélica do colega Antônio.

De olho nos recantos mais sofridos a dupla de capitãs leva ligeira vantagem por ser da casa e nela morar desde que nasceram, conhecendo os intrincados caminhos da cidade notadamente aqueles que desaguam nas comunidades mais necessitadas e desamparadas.

Essa dupla fardada acena com a moralidade que tanta falta faz ao ambiente político particularmente o de Bayeux, e esse aceno, de ordem e progresso na vida pública, parece ser a razão maior da enxurrada de coturnos na disputa municipal desse ano.

A sorte está lançada.

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