Motorista do corregedor da PM tem processo encaminhado para a Corregedoria Geral da Segurança e pode ser expulso da corporação
Certas situações só podiam vicejar no mundo sombrio da corrupção, onde a moralidade desapareceu sob os escombros das indecências praticadas, respaldadas por um discurso hipócrita e por um manto de dissimulações e cinismo que se tornou marca registrada de um Governo que entra para a história como o mais devastado do ponto de vista da ética e da moral.
Nada que revelasse ou denunciasse as imoralidades exercitadas no Governo do PSB prosperava e agora já se sabe as razões dessa blindagem que preservou verdadeiros crápulas de responderem na forma da lei pelos crimes e desmandos praticados.
A ilegalidade, os dribles na legislação, os favorecimentos, as trocas de favores, a longevidade abusiva em cargos públicos por indicação, as omissões, as conivências, a cumplicidade criminosa, os arquivamentos de processos, todos esses elos apontavam para uma corrente que atrelava fortemente os poderes, só agora vista e compreendida em toda sua extensão.
Dos fatos mais estarrecedoras às manobras mais sórdidas ganham compreensão; e réus de crimes conseguiram seu lugar ao sol nesse ambiente pantanoso e insalubre que a mente doentia de um desvairado concebeu com a ajuda de outras figuras semelhantes na degradação moral inundando a máquina pública de dejetos, os mais asquerosos, nesses 10 anos de organização criminosa dando as cartas no Estado.
Um exemplo dessas práticas abomináveis, que se tornaram comuns no reinado de Ricardo, o Deslavado, e cujo protagonismo ficou ao encargo do ainda comandante geral Euller Chaves, o último reduto do esquema desbaratado – fiel e grato seguidor do reputado chefe, irremovível da trincheira de onde ainda pode prestar relevantes serviços ao projeto agora visto e reconhecido como indecoroso – seria o processo de um sargento reformado ainda em atividade servindo de motorista para o Corregedor da corporação.
Pelo fato de responder a processo já não seria concebível que prestasse serviços ao Corregedor por, no mínimo, ofender o decoro do cargo cuja missão seria fiscalizar e punir os desvios de conduta dos membros da corporação.
Mas o sargento Eudázio Gomes Clementino, ao contrário dos colegas de delito, que foram punidos com expulsão e prisão, contou com a clemência e a complacência dos cardeais do esquema que governava o estado sendo blindado dos rigores da Lei alçado para o conceituado cargo de motorista do corregedor ainda beneficiado por uma promoção que a lei nega aos infratores de qualquer natureza.
Algo que mostra como se movem as pás da corporação sob o comando dessa figura melíflua, onde gente como o sargento Eudázio encontra respaldo e guarida mesmo que acusado de crimes que renderam a outros punições como a perda da farda e da liberdade.
Nunca perdurou nesse ambiente asqueroso que a Operação Calvário desnudou qualquer resquício de respeito aos valores da moralidade, da equidade, da compostura exigida para os cargos relevantes.
Tudo se reveste de suspeita de dúvidas sobre o legal e o legítimo e as credenciais para assumir funções, do praça ao oficial, restringem-se as relações, as mais nebulosas e espúrias, onde os critérios de eficiência e qualificação são substituídos pela cumplicidade e pela subserviência desabrida.
Não fosse a vigilância e o sentido de moralidade que guiam os passos do Secretário Jean Nunes, o sargento Eudásio jamais responderia pelo crime que cometeu em pareceria com outros dois colegas de farda e que renderam a eles, desamparados do afeto e da proteção dos graduados, punição severa.
No último dia 11 deste mês, o secretário mandou que o processo do motorista do Corregedor, coronel Gerônimo, fosse remetido para a Corregedoria Geral da Secretaria onde poderá seguir seu curso sem a lamentável interferência de quem encobre desvio de conduta dos subordinados como parece ter sido a intenção do comandante geral e do corregedor.
É provável que agora a Justiça se manifeste sem impedimentos e o sargento tenha o mesmo destino que os companheiros de transgressão tiveram, servindo seu caso para emoldurar as ações subterrâneas de um comando que se desfaz moralmente, mas ainda blindado por forças que desconhecem ou fingem desconhecer a profundida de suas relações com a organização chefiada por Ricardo Coutinho.
Provavelmente, o sargento não mais contará com a cumplicidade dos superiores e deve enfrentar sozinho, e agora abandonado, as consequências do ato cometido no passado e que já rendeu aos parceiros a expulsão e a perda da liberdade.