Muito mais importante que se entrincheirar na Censura seria Ricardo Vital aprofundar as investigações da Calvário
O clima de censura que ameaçava voltar ao Estado por iniciativa do desembargador Ricardo Vital relator do processo que envolve os integrantes da suposta quadrilha socialista, acusada de arrombar os cofres da Saúde e da Educação, não encontrou guarida entre os pares, e o livro do obcecado professor da UFPB, Lúcio Flávio, ganhou certo destaque pela intolerância do homem de toga, que se julgou ultrajado nas estreitas linhas do obscuro calhamaço em defesa de um elemento que, pelas práticas criminosas está muito longe de ter contribuído para a Democracia.
Do alarido produzido por setores da imprensa e de seguidores do repudiado líder socialista, execrado nas urnas nessas eleições municipais, quando amargou um sexto lugar na preferência do eleitor, carrasco implacável, extrai-se a certeza que a argumentação pífia dos autores do livreto não serviu como indulto ao ex-governador.
Dessa celeuma sai chamuscado o desembargador por desejar a censura prévia inadmissível a qualquer manifestação de pensamento mesmo as mais sombrias, tendenciosas e estúpidas, mesmo que ornadas pela moldura do conhecimento acadêmico, entretanto, destituídas de todo e qualquer princípio de ética e moral, como pode ser visto e encontrado no alfarrábio pretensioso, que insiste em associar e igualar causas jurídicas tão distintas como as que envolvem Lula e Ricardo.
Muito mais essencial e urgente para o desembargador Ricardo Vital seria debruçar-se sobre o vasto e turbulento processo da Operação Calvário e unir as pontas desse novelo intrincado onde muitas perguntas continuam sem respostas e, pelo visto, devem continuar enquanto a cumplicidade, a complacência e a tolerância nortearem os passos das investigações.
Caso o desembargador e a torcida organizada, que acompanha os passos das investigações, atentassem para o mistério da invulnerabilidade que certos personagens ostentam, até hoje mantidas fora do alcance da Justiça, mesmo que atoladas até o pescoço, e cujo endereço salta à vista, até para os mais míopes, certamente que o debate sairia do ambiente da politica para o território nebuloso da criminalidade pura e simples, onde esse tipo de criminoso gosta de chafurdar.
A relutância do desembargador Ricardo Vital em aprofundar as investigações em torno do que praticava Coriolano Coutinho contribui muito mais para a impunidade do que os livretos de inexpressivo conteúdo e reduzida tiragem.
Seguisse os rastros que levam Coriolano para o submundo da jogatina, onde as sociedades clandestinas vicejam e enriquecem os barões da contravenção, esbarraria inevitavelmente em alguns figurões, instalados em gabinetes suntuosos, detentores de mandatos, e ocupando cargos de confiança nos Poderes desse Estado (de calamidade) –
Para que o desembargador Ricardo Vital se sinta realmente reconhecido na sua dignidade de magistrado terá que responder à sociedade paraibana quem são as forças policiais, comandadas por Coriolano Coutinho e que tanto pavor inspirava aos delatores, mais muito mais que a sombra esguia do Poderoso Chefão.
Para se compreender a extensão do esquema criminoso, engendrado por Ricardo Coutinho, é preciso identificar o braço armado da quadrilha ainda preservado e intocado, agindo audaciosa e ostensivamente no estado ao ponto de manipular autoridades, entre elas, desembargadores, procuradores e gente de todos os poderes.