Número de fake news aumentou após o primeiro turno, diz TRE-PB
Uma semana após o primeiro turno, o Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) avaliou que o número de informações falsas cresceu. Com a disputa ainda mais acirrada no segundo turno, tanto para os candidatos a presidente da República, como para o cargo de governador do Estado, algumas pessoas têm atingido o sistema eleitoral para tentar virar votos aos seus respectivos candidatos. (via jornal A União)
O negacionismo em volta da funcionalidade e segurança das urnas eletrônicas e do processo de votação tem crescido e tomado forma de notícias falsas, que são facilmente encaminhadas e replicadas nas redes sociais, principalmente através do whatsapp. De acordo com o secretário de Tecnologia da Informação do TRE-PB, José Casimiro, a demanda para esclarecer as desinformações aumentou na sua rotina de trabalho.
“Infelizmente aumentou bastante, a gente achava que ia melhorar. Cada fake news pior do que a outra. […] Não faço ideia de quanto cresceu, só sei que todos os dias recebo notícias falsas para desmentir. Não sei se pelo curto período para o segundo turno, ou pelo acirramento da disputa, mas são muitas notícias falsas circulando por aí”, ressaltou, em entrevista ao jornal A União.
A maioria das demandas recebidas pelo Tribunal vem de eleitores ou da imprensa, buscando esclarecimentos. No entanto, José Cassimiro acredita que grande parte sequer procura saber a verdade antes de replicar as notícias falsas. “As pessoas não têm o cuidado de saber se é verdade ou mentira e já vão compartilhando. Tão criminosa quanto quem cria, é a pessoa que repassa sem ter cuidado de saber se é verdade”, enfatizou.
Além disso, na opinião do secretário, as notícias falsas têm ficado mais elaboradas. “Tem vários que colocam gráficos, mostrando que tem uma tendência de determinado horário dos votos no primeiro turno, como se o TSE tivesse manipulando os votos. Mas eles esquecem que o resultado está impresso? Será que o TSE consegue manipular esses papéis? Todo o nosso processo é rastreável, dividido em cadeias, onde as pessoas dividem as responsabilidades. Mas as pessoas abstraem isso.
Fake News
Entre as fake news que foram muito disseminadas durante a última semana, está a notícia de que a votação para presidente da república foi burlada. Ao visualizar a página de resultados do primeiro turno do TSE, alguns eleitores identificaram que o número de comparecimento para a votação de presidente da república era maior do que o comparecimento para governador e deputado estadual ou federal, por exemplo.
No entanto, antes mesmo de averiguar o motivo da diferença entre os números, as imagens foram divulgadas como se houvesse algum tipo de fraude para que um determinado candidato a presidente da república recebesse mais votos do que outro.
José Cassimiro esclareceu que é natural em algumas seções haver mais votos para presidente do que para outros cargos, já que existe o voto em trânsito. Através desse método, eleitores de outros estados podem requerer votar fora de suas zonas eleitorais. No entanto, só é possível votar para presidente da república.
“Os eleitores que sabiam que estariam em outros estados, puderam requerer o voto em trânsito. Mas eles só podem votar para presidente da república. Como tivemos um incremento onde eleitores se cadastraram só para presidente, o número de comparecimento é maior do que os outros cargos. O contrário você não vê, não há mais comparecimentos para o cargo de governador, por exemplo”.
Por outro lado, o secretário admitiu que o sistema poderia deixar essa informação mais lúdicas ao eleitor. “É claro que a gente deveria ter feito isso de forma elucidativa, mais clara. Não ficou tão claro nas nossas informações. Por isso que deu abertura para esses fake news”.
Além de ataques ao sistema eleitoral, algumas informações falsas também têm afetado alguns candidatos do segundo turno. O candidato a reeleição, João Azevêdo (PSB), desmentiu, na última quinta-feira (6), uma notícia de que teria assinado um decreto para a construção de banheiros unissex em escolas públicas da Paraíba. “Gestada em setores escusos que se travestem de imprensa séria e profissional, a pseudo-matéria trata-se de uma fake news”, diz a nota do candidato.
Segurança das urnas
A segurança do sistema eleitoral é avaliada e provada em várias etapas antes e depois do pleito. A Comissão de Auditoria da Votação Eletrônica (Cave) do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) realizou um Teste de Integridade, no último domingo (2), simultaneamente com as Eleições 2022. O processo teve início ainda no sábado (1º), quando 20 urnas foram escolhidas de forma aleatória para serem auditadas.
“Várias entidades fiscalizadoras estiveram presentes no sábado pela manhã, foi explicado o procedimento e nós chamamos cada partido para escolher uma sessão eleitoral de onde seria retirada a urna eletrônica. Porque tem que ser de forma aleatória, se a gente já escolhesse as pessoas poderiam, infelizmente, dizer que estamos interferindo no processo”, explicou o presidente da comissão, juiz membro do TRE-PB, José Ferreira Ramos Júnior.
Após a escolha das urnas, elas foram levadas até o Espaço Cultural José Lins do Rêgo, em João Pessoa, onde foram auditadas no domingo (2). “Esse ano fizemos no Espaço cultural, um lugar público, para todo cidadão participar, aberto para todos. Os partidos entregaram cédulas de papel, com o nome de vários candidatos, a critério deles. O que estava na cédula, foi reproduzido nas urnas. No final, imprimimos o boletim de urna, e conferimos com as cédulas de papel”, ressaltou o juiz.
O processo inteiro prova que não há qualquer interferência externa nas urnas. “No final do dia, na presença de representantes do TCE, ALPB, API, todos conferiram e viram que o boletim de urna estava igual as cédulas. Em resumo, as urnas não têm como ser alteradas”, ressaltou.
Matéria assinada por Iluska Cavalcante
Para o secretário de tecnologia, José Cassimiro, a segurança está além das urnas, mas no processo eleitoral inteiro. “São várias camadas desse processo, como se fosse uma cebola. Temos barreiras físicas, lógicas, de software, de procedimento. São vários tipos de camada que vai emprestando ao processo em si a segurança. A urna é uma dessas camadas”, comentou.
Além disso, há um controle de quem realiza esses procedimentos. “Ninguem desenvolve sozinho. O que você faz, eu tenho que revisar, o que eu faço, também é revisado. Sem falar nos milhares de testes feitos em todos os TR ‘s. Testamos esses softwares para ter certeza que não tem nenhum erro que possa prejudicar ou macular nosso sistema de voto”, enfatizou.
Há 26 anos que o sistema eleitoral do Brasil é feito dessa maneira. “É uma história de aprimoramento, de sucesso, toda eleição vamos emprestando mais recursos de segurança, transparência, todos os nossos procedimentos são previstos em resolução, onde as pessoas podem acompanhar. Tudo isso garante a lisura e o sucesso do pleito e eu tenho certeza que nessa Eleição não será diferente”.
Sobre os inúmeros ataques, o servidor afirma: “não estamos aqui para ser reconhecidos para cumprir nossa obrigação de entregar eleições. Vocês viram no primeiro turno, foram quase 3 milhões de votos e mesmo assim até às 23h já se sabiam os candidatos que iam para o segundo turno. Isso se faz com muito suor e dedicação”.
Como buscar informações?
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publica a série de matérias Fato ou Boato. Os textos esclarecem os principais temas em discussão, de forma objetiva. Além das publicações no portal, são produzidas versões em vídeo no canal do TSE no YouTube, com linguagem simples para que as pessoas possam compartilhar a realidade, especialmente sobre o sistema eletrônico de votação. Todos os conteúdos são produzidos pela Secretaria de Comunicação e Multimídia do TSE.
Além disso, o eleitor tem livre acesso para procurar o TRE-PB e buscar informações sobre duas dúvidas a respeito do sistema eleitoral. “As pessoas que têm dúvidas podem vir aqui na sede do TRE-PB, porque temos como informar”, ressaltou o secretário de tecnologia do TRE-PB.
Como evitar cair em fake news?
– Fique atento à fonte da notícia
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