Nuvens negras pairam sobre certos setores do Governo de João Azevedo ameaçando remanescentes da gestão passada que se agarram ao Poder como ostras aos rochedos.
A condenação da ex-secretária Livânia Farias nesta terça-feira pode abrir a Caixa de Pandora que ela ainda manteria fechada e que conteria segredos os mais tenebrosos, capazes de arrastar para o fundo do abismo as mais dissimuladas e escorregadias criaturas deste sombrio mundo da organização girassol que ainda resistem nas sombras, indevassáveis, entocadas como as víboras.
Livânia conduzia e coordenava as mais diversas transações do Estado e por isso era protagonista dentro da organização criminosa que o ex-governador Ricardo Coutinho estruturou nos mais de 10 anos que manteve o poder em suas mãos.
Licitações, as mais diversas e também as mais contravertidas e polêmicas passavam pelo crivo da ex-secretária mandatária absoluta e da inteira confiança do Poderoso Chefão.
Licitações que atendiam aos requisitos legais – e também as que driblavam esses critérios, uma delas a suspeitíssima compra do primeiro helicóptero da Polícia Militar. Para entendidos, uma sucata que escondia interesses solertes e visava lucro para o esquema criminoso que atuava na época.
A compra gerou uma queda de braço dentro do Governo notadamente na área da segurança com opiniões divergentes sobre a aquisição, onde uma ala comandada pelo ex-secretário Claudio Lima identificava cheiro de negociata na transação – já que a aeronave de segunda mão saiu pelo preço de uma nova – e outra liderada por coronéis da PM, que terminou por concluir a compra mesmo com aparente sobrepreço do helicóptero.
Essa história nebulosa, que mostraria os fortes elos desses remanescentes com a organização criminosa, pode ser esclarecida agora pela ressentida Livânia que ameaça abrir a caixa de ferramentas.
Ela, após ser presa foi imediatamente visitada na cela por personagens que conduziram a desastrada compra da aeronave e que teriam outras coisas a esconder.
Tão suspeita, ameaçadora, surpreendente e inoportuna pareceu a visita que o Juiz da Comarca proibiu o retorno dos visitantes, inclusive para inspeções de rotina, o que se tornou inusitado na história das instituições policiais militares do Brasil, comandantes impedidos, por determinação judicial, de adentrar aos quarteis.
Livânia para muitos remanescentes seria uma bomba de espera de incontáveis megatons que, ao explodir destruiria reputações e privaria muita gente boa da liberdade tal o devastador acervo de atrocidades que guardaria na sua Caixa de Pandora.
Locação
Livânia também era responsável pelas locações de carros do estado e ainda restaria muita coisa a se explicar nessas transações vistas por muitos como altamente impregnadas de alto teor de nitroglicerina.
Coisas estranhas ocorriam nesse ambiente altamente poluído e coberto de suspeita pela participação de reputados tubarões cuja voracidade por recursos públicos seria disfarçada com açucarada bajulação as autoridades, afogadas em medalhas e outros berloques que seduzem a vaidade humana.
Essas estranham relações começam se mostrar na precária situação da frota estadual locada, onde a manutenção deixou de ser feita e veículos ultrapassam os 200 km sem qualquer troca de peças ou equipamentos, descaso que colocaria em risco a vida de muita gente.
Um exemplo desse descaso e dessa aparente quebra de contrato seria o estado das viaturas do 6° Batalhão da Polícia Militar localizado em Cajazeiras, onde viaturas teriam ultrapassado os 100 mil km e até os 200, sem qualquer manutenção de responsabilidade das locadoras, que alegam a pandemia como causa do descaso.
Para muitos um jogo de esconde-esconde que encobriria vantagens fabulosas e nebulosas para altas patentes da corporação, jogo esse que ganhou prorrogação na gestão de João Azevedo e tudo continuaria como dantes nos quarteis de Abrantes.
Livânia foi quem primeiro envolveu a corporação no esquema criminoso desbaratado pela Operação Calvário ao delatar o coronel Fernando Chaves apontando o oficial então Chefe da casa Militar como o resp0nsável pela escolta do dinheiro roubado e que chegava de avião no hangar do Estado.
A visita a Livânia nas celas do quartel de Cabedelo não teria sido atoa e nela ficou embutida e subtendidas graves ameaças, caso ela resolvesse abrir a caixa de pandora, onde estariam contidos segredos, os mais terríveis, sobre as operações criminosas que resultaram na sua prisão e na do poderoso chefão como também de outros membros de destaque da quadrilha.