O joio e o trigo: Saída de João do PSB deixou de ser questão política; governador tem que preservar a ética e a moral
Nada como a data da proclamação da República para estimular os sentimentos de independência e altivez. Depois de uma passividade que tomou ares de prudência e que travou o governador João Azevedo permitindo aos desafetos declarações que beiraram o desacato, ontem, João deu um passo em direção à rua e ao seu futuro político.
Nesta quarta-feira, que pode entrar para a história política como o Dia do Saio, João iniciou o movimento de retirada do PSB, atendendo a maioria dos seus aliados e seguidores, que exigia e aguardava tão ansiosamente um posicionamento claro, depois que sucessivas manifestações de hostilidade varreram o jardim dos girassóis.
Já não há mais tempo para corrigir a rota de colisão traçada desde quando Ricardo Coutinho resolveu mostrar quem manda no pedaço do PSB e deu um chute no traseiro de Edvaldo Rosas, tomando a legenda, sua tábua de salvação para continuar navegando nesses mares hostis, que o mundo sem a caneta e o diário lhe revelou e destinou, abalando sua convicção de que seria divino e eterno.
O sentimento de gratidão ostensivamente cobrado e recordado por todos os que fazem parte do projeto de continuidade, incluídos os que foram pegos com a mão na massa, levou o governador João Azevedo hesitar romper para não ganhar a pecha que acompanha todos os vices desse os tempos coloniais.
Há tempo João vinha sendo cobrado sobre uma definição em relação ao seu futuro já que, exaustivamente comprovado não haver espaço para ele, e para os que o acompanham, dentro do PSB.
Principalmente depois que as revelações da Operação Calvário destruíram o patrimônio moral do ex-governador e de sua gestão mostrando o quanto ele se assemelha as velhas raposas da política, que cunharam o slogan de “rouba mais faz”, ao exemplo de Ademar de Barros e Paulo Maluf.
Nada absolutamente nada prende João Azevedo ao PSB de Ricardo Coutinho já tão velho e degenerado como as mais degeneradas legendas política do país, envolvido em tudo o que é corrupção e qualquer governante de bom senso já teria se afastado desse mar de lama para não soçobrar junto.
O que João precisa e tem de fazer é jogar ao mar a carga deteriorada que herdou e montar um Governo despido de dúvidas e suspeitas – as mais terríveis – para não perder o que já ganhou somente com atitudes de tal magnitude notadamente aquelas que o distinguiram do antecessor ao ponto de acender a pira do entusiasmo popular em tão pouco tempo de gestão.
Quanto mais distante do que ficou para trás, mais longe poderá chegar o governador sem ter que arrastar a herança maldita recheada de escândalos e que deve ser reforçada pelo o que ainda pode ser revelado já que depoimentos devastadores estão em andamento e cujos estilhaços podem danificar as janelas do Palácio.
A verdade é que tem gente enterrada até o pescoço nesse mar de dejetos socialistas, fazendo um esforço sobre-humano para permanecer, apelando para Deus e o diabo, recorrendo a tudo e a todos para não sair da cadeira.
A questão para João deixar o PSB deixou de ser política para se transformar em questão moral já que o partido assumiu as feições da Operação Calvário: ou sai ou vai junto.