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O silêncio de Bolsonaro

Por Gisa Veiga

O ex-presidente Jair Bolsonaro ficou em silêncio no depoimento à Polícia Federal. Daquele tipo de silêncio que parece dizer mais do que um longo discurso. Silêncio de quem não tem, na realidade, o que dizer, a não ser mentiras.

A defesa alega que não teve acesso à íntegra dos autos. É um bom argumento, caso tenha fundamento. Mas, digamos que tenha o acesso que alega não ter ter. O que diria Bolsonaro?

Essa é a grande questão e a terrível curiosidade que inquieta a todos. Afinal, o que dizer das inúmeras provas que apontam o ex-presidente como mentor de um golpe de Estado com apoio de parte das Forças Armadas? (Por sinal, farei um parêntese aqui para lançar uma dúvida: os militares realmente colocariam no poder um capitão? Não seria mais lógico confiar o cargo a um general, como aconteceu na época da ditadura? Fecha parêntese).

O que dizer das gravações que revelam, de modo claríssimo, as primeiras ideias para formulação de um plano de golpe? O que dizer da incitação à baderna que ocorreu em 8 de janeiro do ano passado? O que dizer da minuta – e a revisão desta pelo próprio Bolsonaro – que detalhava o ataque à democracia?

Quem não gostaria de ouvir o que ele tem a dizer sobre isso? Eu, pelo menos, morro de curiosidade.

Apesar de todas as evidências, há quem sustente que Bolsonaro é um democrata. O movimento de domingo, inclusive, tem esse mote de defesa da democracia.

Deboche?

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