Parlamentar não vê ofensa na leitura bíblica na CMJP
Diante da decisão do Pleno Tribunal de Justiça da Paraíba de que a leitura bíblica após a abertura das sessões na Câmara Municipal de João Pessoa seria inconstitucional, o vereador Carlão disse não compreender qual seria a ofensa da tradição, iniciada pelos parlamentares da Casa em 1940, ao estado laico. “Quando criança, aprendi a fé cristã. Antes disso, a minha avó, minha bisavó, minha tataravó, e a leitura das Sagradas Escritura, há mais de dois mil anos vem ser questionada por meio de uma canetada dizendo que o texto bíblico não pode ser lido ou estimulada na abertura dos trabalhos. Isso por causa de uma interpretação fria, de uma construção completamente errônea de que isso fere o estado laico”, comentou o parlamentar.
Carlão explicou que o estado laico, em seu conceito, é a separação das esferas pública e privada: “Esta Casa não faz isso? Será que o estado laico, que separa a esfera pública e a esfera privada e tem por obrigação promover as religiões, não está sendo cumprido porque se lê a Bíblia nesta Casa?”.
Ele ainda argumentou acerca das santas casas de misericórdia: “As santas casas de misericórdia estão aí. Elas ferem o estado laico quando assumem o papel do estado que não cumpre seu papel de saúde? As santas casas de misericórdia, os asilos de idosos, que deixam e mostram ao estado o papel que deveria fazer, e fazem isso de forma voluntária. Eu não tenho como compreender uma lei que tira de um regimento interno a necessidade da leitura de um texto bíblico por ferir o estado laico”. “A sociedade não é construída por uma canetada, mas por homens e mulheres livres”, acrescentou.
O parlamentar afirmou, também, que o debate não deveria ser este, mas, saúde, educação, transformação social e a inclusão que o esporte faz, por exemplo. “Eu vim aqui para falar da semana das artes marciais, mas infelizmente não consigo me controlar quando vejo o que temos de mais puro dentro desta Casa ser arrancado por uma interpretação errônea”, salientou.
O vereador Coronel Sobreira reforçou a fala de Carlão acerca das santas casas de misericórdia e asilos para idosos: “São geridas por igrejas, por pessoas ligadas à religião, sem nenhum fim lucrativo, e essas autoridades não proíbem isso. Diante da ausência do poder público, surgem essas casas, essas pessoas que têm desejo de ajudar outras. São essas incoerências que nós assistimos”.