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Pesquisadores estudam práticas de manejo sustentável para o feijão macassar no Semiárido paraibano

Pesquisadores analisam, no Sertão da Paraíba, genótipos de feijão-caupi, mais conhecido por feijão de corda ou macassar, em condições de semiaridez. As atividades são realizadas na área experimental do Rancho Santa Terezinha, município Santa Luzia, propriedade de José Dantas Neto, professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e integrante do grupo de pesquisa.

Durante as atividades no campo experimental foram apresentadas e discutidas as principais características e desempenhos dos genótipos BRS Exuberante; BRS Olhonegro; BRS Novaera; BRS Verdejante e uma variedade tradicional de porte prostrado (ou ramador), de ciclo tardio, indicada pelos moradores da região. Entre as características estudadas estão: precocidade, porte das plantas, fitossanidade, número de vagens por planta e aceitabilidade local quanto aos formatos dos grãos. Nesses aspectos, segundo resultados da pesquisa, a variedade “Exuberante” foi a que mais se destacou, com melhores resultados entre os demais genótipos.

Durante a atividade de campo, os pesquisadores analisaram ainda os aspectos de irrigação com água salina de poço durante o manejo da lavoura. Nesse aspecto, visualmente, todos os genótipos apresentaram boa adaptabilidade, afirmou o coordenador do projeto, Alberto Soares de Melo, professor do Departamento de Biologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

As características bioquímicas das plantas e atributos do solo e da água de irrigação estão sendo analisadas no Laboratório de Ecofisiologia de Plantas Cultivadas-Ecolab/ UEPB, visando diagnosticar com mais detalhes o comportamento desses genótipos em situação de estresse.

Segundo Alberto, o projeto visa desenvolver práticas de manejo sustentável para o feijão-caupi no Semiárido brasileiro, contribuindo assim na melhoria da eficiência no uso da água, no aumento da renda da agricultura familiar e na segurança alimentar. Além de treinamento competente de recursos humanos e preservação genética de plantas, conectados à geração e transferência de conhecimento, tecnologia e produtos para maximizar a produção agrícola no Semiárido brasileiro.

“Iremos implantar pelo menos três unidades de demonstração em áreas distintas junto aos agricultores na região do Sertão paraibano com os melhores genótipos”, enfatizou.

Essas atividades fazem parte do Projeto “guarda-chuva” financiado pelo Governo da Paraíba através de edital da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq) com apoio da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties), e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A proposta faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), Agenda 2030, das Nações Unidas, alinhando-se às políticas e prioridades da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação que destacam a importância da ciência, tecnologia e inovação, como eixo estruturante do desenvolvimento do país e do Plano Nacional de Segurança Alimentar, que promove o acesso universal à alimentação adequada e saudável, com prioridade para famílias em situação de insegurança alimentar, bem como ações que contribuam para a redução das assimetrias regionais que permitam a incorporação do conhecimento científico e da tecnologia aos processos produtivos.

O feijão macassar é uma leguminosa amplamente cultivada devido ao seu elevado valor nutricional e econômico, sendo o tipo mais consumido nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Embora possua adaptações para suportar condições adversas, esta planta pode sofrer diversas alterações negativas quando submetida a déficit hídrico associado à temperatura elevada. “Por esse motivo, é essencial buscar tecnologias que potencializem o cultivo dessa espécie sob tais adversidades”, enfatizou o professor Alberto Melo.

Estudos indicam que o germoplasma de feijão macassar local corre o risco de ter sua variabilidade genética reduzida. Nos últimos anos, as frequentes secas têm frustrado as colheitas, principalmente, daquelas cultivares mais tardias que, diante de períodos chuvosos curtos, não têm conseguido completar o ciclo.

Com isso, muitos produtores estão optando por cultivares mais precoces e abandonando as tardias. Diante dessa circunstância, os estudos sugerem, além das novas introduções, que sejam realizadas também coletas de germoplasma, principalmente no Nordeste, região mais castigada pelas estiagens. Essa medida permitirá preservar a variabilidade genética do material nacional e assegurar aos programas de melhoramento, genótipos de imensurável valor para cruzamentos com material exótico.

Estão envolvidos no projeto docentes do Programa de Pós-graduação em Ciências Agrárias da UEPB e discentes/bolsistas de iniciação científica UEPB e UFCG, bolsistas CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e CNPq. O projeto também conta com o apoio da Embrapa Meio-Norte (Piauí), com a disponibilidade de sementes de feijão-caupi. A pesquisa reúne acadêmicos do Brasil e da Universidade de Limpopo da África do Sul, permitindo colaboração internacional com as instituições envolvidas.

Participaram desse dia de atividade em campo, discentes/bolsistas da graduação em Biologia, Yngrid Araújo; Letícia Diniz; Túlio Gonçalves e Emmanuelly Farias; da Pós-graduação em Ciências Agrárias-UEPB, Guilherme Dias, Rayanne Alencar e Priscylla Viana; e da pós-graduação em Engenharia Agrícola da UFCG, Ibrahim Bonou. Estiveram presentes também técnicos da Empaer, José Vanado Bezerra; Jamacy Andrade da Nóbrega; Fernando Martins; Aroldo Nóbrega; e Ricardo Amâncio do Senar-PB, representantes dos municípios de Santa Luzia, São José do Sabugi, Várzea e Junco do Seridó.

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