Praça de Iemanjá será totalmente reformada, no Cabo Branco
A Praça de Iemanjá, ou Praça da Santinha, como é conhecida por parte da população de João Pessoa, na Avenida Cabo Branco, será revitalizada. O custo será na ordem de R$ 650 mil e vai incluir espaço para contemplação, área de estacionamento, bancos; a imagem de Iemanjá, que se encontra danificada há oito anos, será restaura e reposicionada.
Ainda de acordo com a Seplan, que elaborou o projeto de revitalização, a ciclovia será mantida e o local irá ganhar uma nova iluminação. A licitação e execução das obras, previstas para o mês de novembro, ficará à cargo da Secretaria de Infraestrutura do município, com previsão de conclusão de cinco meses. A revitalização do local é aguardada por moradores, caminhantes e turistas, que veem no local um potencial para se tornar um novo ponto turístico da orla de João Pessoa.
José Cândido, morador do bairro de Manaíra, faz caminhadas regulares e passa todos os dias pela Praça de Iemanjá. Para o aposentado, o local é um diamante bruto abandonado pelo poder público. “Esse lugar deveria receber um trabalho de paisagismo, ambientação, ou seja, ser explorado turisticamente e também para o bem-estar daqueles que são daqui mesmo, como é o meu caso”, afirma o aposentado, que celebrou o anúncio da reforma. “Essa melhora representa mais serviço, mais comodidades para as pessoas, para os usuários. Vai fazer bem para a população e para o turismo e, consequentemente, para o comércio da cidade”, afirmou.
O local ermo, com pouca movimentação de pessoas, traz a questão da segurança como um tema sensível, e José Cândido concorda que esse resgate irá beneficiar, também, nesse sentido. “Essa área aqui é bem isolada, mas com iluminação, movimentação de pessoas, isso vai melhorar, com certeza. Deve trazer também fiscalização dos agentes de segurança pública”. A opinião é compartilhada por Azuil Pereira, morador do bairro de Cabo Branco e que também faz uso da orla para seus exercícios físicos diários.
“Principalmente à noite, é um local muito perigoso. Mas a partir do momento em que começar a ter fluxo de pessoas, com iluminação, quando se tornar um local agradável, essa insegurança vai diminuir” diz Azuil, que se mostrou ansioso pelo início e conclusão das obras de restauração da Praça de Iemanjá “Comemoro toda a iniciativa para melhorar a qualidade de vida das pessoas que passam por aqui. Essa reforma é essencial e primordial, o local está totalmente abandonado. Então precisa sim que seja feito um trabalho para que dê qualidade de vida para as pessoas que transitam por aqui”, afirmou.
Entidades religiosas não querem a estátua de Iemanjá no local
A revitalização do espaço é bem vinda por moradores e turistas, mas de acordo mãe Penha de Iemanjá, presidente da Federação dos Cultos Afro-brasileiros do Estado da Paraíba, a imagem de Iemanjá, danificada desde 2013, deve ser levada para um outro local. “Infelizmente eles querem deixar a imagem lá, mas nós que somos de religião de matriz africana, sabemos que não vai dar certo. Nossa proposta é que ela seja colocada na Praça dos Pescadores”. Para mãe Penha, o local é distante e de difícil acesso para os fiéis prestarem suas homenagens.
Mãe Penha teme que a estátua de Iemanjá seja, novamente, alvo de vandalismo e de intolerância religiosa. “Infelizmente a imagem já foi destruída outras vezes e deixar no mesmo local não vai fazer diferença, vão destruir novamente. Mesmo com câmeras, com vigilância, não vai adiantar”, diz a religiosa.
Em março deste ano, a Rede de Mulheres de Terreiro da Paraíba realizou um protesto em frente à Assembleia Legislativa da Paraíba, na Praça dos Três Poderes, com o objetivo de denunciar a intolerância religiosa e a depredação do patrimônio cultural e religioso dos povos de terreiro.
Na ocasião, o grupo solicitou a construção de uma nova estátua, feita de alumínio fundido, e que deveria ser colocada na Praça dos Pescadores. A ekedi Gorete Oyáladê, representante do Grupo de Mulheres de Terreiro Iyálodé e da Rede de Mulheres de Terreiro, explicou. “Queremos trazê-la para a Praça dos Pescadores e fazer do local um marco do povo de matriz africana e de resgate da cultura africana e tradicional”, afirma Gorete.
Matéria de Taty Valéria para o Jornal A União
Com foto de Roberto Guedes/A União