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Cidade

Prefeitura conscientiza e estimula o debate sobre doação de órgãos

Quando João [nome fictício], 37 anos, teve a morte cerebral confirmada, apesar de toda dor, a família não pensou duas vezes para autorizar a doação dos órgãos. A partir desse gesto, foi possível uma nova chance para seis pessoas que receberam a doação d fígado, rins, coração e córneas.

“Em vida, ele sempre expressou a vontade de que seus órgãos fossem doados caso algo acontecesse. Então, minha tia não pensou duas vezes em autorizar a doação, pois ela sabia exatamente o que ele queria, que era salvar vidas”, conta Yara, prima de João.

Na Paraíba, 315 pessoas aguardam por um transplante de córnea, 167 por um de rins, 16 por transplante de fígado e cinco por um coração. De acordo com a Central de Transplantes da PB, em 2023, até a primeira quinzena de setembro, foram realizados 179 transplantes. Desses, 127 foram de córnea, 23 de rins, 19 de fígado e seis de coração.

Neste dia 27 de setembro é celebrado o Dia Nacional de Doação de Órgãos, a data foi instituída pela Lei nº 11.584/2007 e tem como objetivo conscientizar a sociedade sobre a importância desse gesto e, ao mesmo tempo, fazer com que as pessoas conversem com seus familiares e amigos sobre o assunto.

Apesar da ampliação da discussão do tema nos últimos anos, trata-se ainda de um assunto polêmico e de difícil entendimento, resultando em um alto índice de recusa familiar. Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) identificou três motivos principais para a recusa, que não ocorre só no Brasil: incompreensão da morte encefálica, falta de preparo da equipe para fazer a comunicação sobre a morte e, religião.

Mas, embora seja um momento difícil para quem perde o ente querido, a doação garante esperança para quem irá receber. O pai de Ana Carolina Franca precisou de um transplante de fígado e a notícia de ter um doador foi recebida com muita alegria pela família.

“A doação de órgão é um momento de muita fragilidade para a família do doador, mas de muita esperança para quem vai receber a doação. Meu pai precisou de transplante e ao receber a notícia de que havia um doador foi um dos momentos mais especiais para nossa família. A esperança de podermos tê-lo conosco por mais tempo e de uma vida com menos sofrimento para ele. Seremos eternamente gratos à família daquela pessoa que autorizou a doação, pois naquele momento eles nos deram esperança”, comenta Ana Carolina.

No primeiro semestre deste ano o Prontovida foi o primeiro hospital da rede municipal de saúde a fechar o protocolo de morte encefálica para a captação de órgãos e viabilização de transplante. Alguns hospitais da rede estadual e da rede privada são habilitados para realizar as cirurgias de captação e transplante de órgãos e tecidos.

Transplante de órgãos e tecidos – O transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, pulmão, rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doente (receptor), por outro órgão ou tecido normal de um doador vivo ou morto. A legislação em vigor determina que a família é responsável pela decisão final, não tendo mais valor a informação de doador ou não doador de órgãos, mesmo que registrada no documento de identidade.

Podem ser doados, por um doador não vivo, órgãos como rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino. E tecidos como córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, veias e artérias. Após efetivada a doação, a Central de Transplantes do Estado é comunicada e através do seu registro de lista de espera seleciona seus receptores mais compatíveis.

São potenciais doadores os pacientes assistidos em UTI com quadro de morte encefálica, ou seja, morte das células do Sistema Nervoso Central, que determina a interrupção da irrigação sanguínea ao cérebro, incompatível com a vida, irreversível e definitivo.

A lei também permite que a pessoa maior de idade, e capaz juridicamente, pode doar órgãos a seus familiares. No caso de doador vivo não aparentado é exigida autorização judicial prévia. Pode ser obtido através de um doador vivo um dos rins, parte do fígado, parte da medula e parte dos pulmões.

 

Para doação em vida, o médico deverá avaliar a história clínica da pessoa e as doenças prévias. A compatibilidade sanguínea é primordial em todos os casos. Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso.

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