Ricardo desembarcou de madrugada e dormiu na sede da PF em JP; STJ vai investigar extensão da rede de espionagem e chantagem armada pelo ex-governador e que era comandada pelo irmão
O ex-governador Ricardo Coutinho já está na Paraíba. Chegou nesta madrugada de sexta-feira e já se encontra nas dependências da Polícia Federal aguardando a audiência de custódia e a decisão sobre o habeas corpus impetrado por seus advogados.
Sem as pompas e reverências a que estava acostumado, Ricardo não pisou os tapetes macios do poder nem foi recepcionado pela claque supostamente contratada para ovacioná-lo assim que descesse em solo paraibano numa contestação grotesca a decisão judicial que determinou sua prisão, frustrada pela prudência das autoridades, que desarmaram o circo, transferindo para Natal o seu desembarque.
A expectativa do ex-governador concentra-se no acolhimento do seu habeas corpus, mas especialistas do Direito já adiantaram que dificilmente ele receberá o benefício de responder em liberdade as acusações que lhe são imputadas pelas investigações e deve seguir o mesmo calvário de Daniel Gomes, preso desde o início do ano no Rio de Janeiro.
Ontem, um balde água fria foi jogada na esperança do ex-governador quando a ministra do STJ, Laurita Vaz, negou as liminares dos demais presos na 7º fase da Operação Calvário, o que sinalizaria para o indeferimento do habeas corpus do ex-governador visto como o Poderoso Chefão da organização criminosa.
Silêncio Total
À medida que o calvário de Ricardo se desenrola ao som de fanfarras e debaixo de achincalhes pelas redes sociais, onde os muitos que se sentiram humilhados e perseguidos por seus oito anos de gestão se manifestam estrondosamente percebe-se o silêncio do governador João Azevedo mudo espectador desse drama do ex-aliado.
As investidas da 7º fase aos seus redutos – Palácio e residência oficial – parece ter impactado Sua Excelência e nenhuma manifestação dele registrada sequer nas redes sociais, aplaudindo ou criticando as ações policiais, que resultaram nas prisões de ex-aliados e ex-auxiliares.
A decisão da Policia Federal de solicitar a intervenção das instâncias superiores da Justiça (STJ) aponta para um quadro de gravidade extrema porque sugere que o Estado estaria infiltrado e dominado pela rede criminosa montada pelo ex-governador com ramificações perigosas nos demais poderes, o que deve ser levado em conta pelo Ministro que for apreciar o pedido de habeas corpus de Ricardo Coutinho visto como símbolo do poder avassalador que caracterizava os mafiosos de Chicago.
O governador aparentemente em choque, atônito, levado apenas pela iniciativa de alguns de pedirem exoneração, não manifesta intenção de limpar a área e de se desfazer do entulho que ainda está amontoado no interior de sua gestão, encravado com a determinação dos carrapatos e ainda com cara de paisagem como se todo o alarido ao redor nada tivesse a ver com eles.
Ao insinuar o poder estarrecedor do ex-governador no organismo institucional do estado, com metástase para os demais poderes, a Polícia Federal reforça a luta incansável e implacável do Jampanews para denunciar o poder aterrorizante que a rede de espionagem estruturada pelo esquema criminoso de Ricardo espalhou por toda Paraíba de forma tal e com tal eficiência que se não for atacada e enfrentada por forças externas e independentes, jamais será desbaratada.
Concentra-se e prende-se nessa constatação de que, o domínio pleno do estado exercido por Ricardo – e agora revelado pela delação de Daniel Gomes, onde ele detalha a extensão dos tentáculos do monstro concebido pelo PSB para dominar sob todos os aspectos um estado que já se caracterizou peal altivez -, não permitia que as instituições agissem livre e independentemente já que contaminadas pela corrupção devastadora que ele teria inoculado no organismo da sociedade paraibana.
Parte dessa organização foi desarticulada, mas o núcleo mais sombrio encontra-se intacto ainda agindo e influindo espalhando aquele terror confessado pelos integrantes da organização e identificado no irmão do governador, Coriolano Coutinho, como o homem que acionava e comandava esse setor de sombras e escuridão.
Sabe-se por exemplo que mais de 300 homens da PM estão fartamente distribuídos pelos poderes a pretexto de oferecerem segurança para autoridades, espalhados em Tribunais, gabinetes, e outros espaços oficiais, número suficiente para organizar um batalhão numa policia tão deficitária de efetivo,mas empregados em serviços que vão de motorista a moto-boy ou em outras atividades, provavelmente não muito republicanas.
Enquanto, essas figuras funestas, dissimuladas como víboras, não forem contidas ou pelo menos afastadas das posições, onde podem manobrar a vontade o mundo nebuloso da espionagem e da colheita ilegal de informações, embutidas em dossiês que paralisam e aterrorizam autoridades, a Paraíba não voltará à normalidade de um estado de direito democrático, já que submetida às praticas adotadas pelos regimes de exceção, onde o terror impera sem controle e sem limites.
Não adianta o governador imitar as avestruzes e meter a cabeça num buraco para escapar do perigo: Tem que enfrentar esse mundo de sombras, porque todo mundo já sabe quem são seus personagens e quanto mais João hesita mais confirma as suspeitas de que o Governo está submetido a chantagens.