Satanás andou solto em Catolé do Rocha na noite desta terça-feira e duas mulheres foram executadas em praça pública enquanto a cúpula da Segurança discutia abobrinhas na cidade
Nada como o destino mesmo o mais cruel e brutal para desmascarar os farsantes. A violência, que abateu duas vidas no centro de Catolé do Rocha, alto sertão da Paraíba, na noite desta terça-feira (7), e feriu uma terceira, na Praça da Prefeitura da cidade, emoldura de forma trágica toda falácia pregada nesses oito anos sobre a eficiência do aparelho de Segurança do Estado, onde absurdos, os mais estarrecedores aconteceram, incluído explosão de presídios de segurança máxima, desmanchando assim a farsa que perdura por todo esse tempo, servindo para enfeitar o discurso de um Governo que hoje se sabe uma quadrilha, integrada por celerados, cuja hipocrisia beira o cinismo.
Deslocada para Catolé do Rocha tangida pelo ribombar das delações que apontam o envolvimento e a participação de oficiais de alta patente nas atividades criminosas da organização chefiada pelo ex-governador Ricardo Coutinho, acusado de assaltar os cofres públicos pela Justiça, a cúpula da Segurança Pública, a pretexto de ações para garantir a Paz Social, refugiou-se literalmente no Alto Sertão, esperando passar a onda das revelações que implicam o Comandante Geral da Polícia Militar, Euller Chaves, acoitado até agora por trás da hipocrisia que distingue seu caráter levando de roldão para o palco de suas encenações, o inocente útil que responde pelo nome de Jean Francisco.
Mas o destino não compartilhou com a fuga de Euller para longe do epicentro dos escândalos, onde já não há mais dúvida quanto a sua direta e decisiva participação nos crimes que envolvem as patentes mais graduadas da corporação, seja pela ação direta seja pela incompetência, omissão ou negligência.
O diabo solto em Catolé ceifou de forma brutal duas vidas em praça pública exatamente na hora em que o comandante despejava seu saco de abobrinhas para um auditório lotado de palermas fardados, porque outra coisa não pode ser quem se deixa comandar por um sacripanta como ele.
A violência exibida no centro de Catolé do Rocha é o retrato dos acontecimentos que aterrorizam por quase uma década a população paraibana, cretinamente maquiada por uma quadrilha que se esmerou em enganar a opinião pública desde o discurso republicano adotado pelo chefe maior – a arrotar probidade – aos escalões inferiores dessa legião de demônios aonde a incompetência e a mediocridade reluz nos ombros em forma de estrelas gemadas.
As mulheres de Catolé de Rocha, ao morrerem em praça pública, desmoralizam o discurso patético do comandante e mostram que sua ida para Catolé obedecia apenas a sua covardia para enfrentar os fatos que comprometem seu comando.
Não tem mais como ignorar a participação de subordinados diretos do coronel Euller nas ações criminosas de um Governo ao qual serviu com extremada vassalagem e no qual pretende se estender recorrendo à mesma pirotécnica com a qual avançou no tempo respaldado ainda na aparente cumplicidade de setores da Justiça que não conseguem mais explicar porque ainda não foi oficialmente chamado como superior hierárquico esclarecer e justificar as ações do primo no transporte de dinheiro ilegal.
Já são três as delações – Leandro Azevedo, Daniel Gomes e Livânia Farias a confirmarem e a dar nome aos bois sobre o envolvimento de policiais militares de alta patente revelando quem faz parte daquelas citadas forças policiais supostamente subordinadas e a disposição de Coriolano Coutinho, o mais perigoso da quadrilha, empregadas em missões e serviços que ainda não foram detalhados, mas com certeza serão, o que estaria desesperando muita gente principalmente as que usam fardas.
Situação que se torna mais vexatória haja vista que essas delações confirmam que as ditas forças policiais passam pela Polícia Militar, o que torna mais escandaloso ainda a permanência do coronel no comando de uma instituição secularmente respeitada e que jamais atingiu tal grau de dissolução moral e ética, ultrajando a disciplina e principalmente a hierarquia, já que oficiais superiores de ilibada reputação estão sendo preteridos.
Omissão escandalosa do governador
A omissão e a relutância do governador João Azevedo para afastar essa borra do seu governo causa perplexidade e estarrecimento diante de tanta passividade e tolerância com o crime organizado ainda presente e atuante na sua gestão.
Porque não tem mais como ignorar o envolvimento do comando da corporação como parte efetiva da quadrilha haja vista as delações, sinalizando para o envolvimento das forças policiais, tão ressaltadas pela Justiça, o que comprovaria no mínimo a omissão e a negligência dele em relação aos acontecimentos delituosos, que já se arrastam por quase uma década debaixo de seus olhos cúmplices.
Catolé não foi um bom lugar para camuflar o comandante, porque, se não foi o Gaeco a lhe recepcionar nesta terça-feira, com certeza foi o diabo para tanta violência.
O Juízo Final está chegando.