Secretários negam qualquer ligação com esquema de propinas com fornecedores
A secretária de Desenvolvimento Humano da Paraíba, Pollyana Dutra e o secretário de Administração do estado, Tibério Limeira, publicaram nesta sexta-feira (17), em resposta às acusações apresentadas à Justiça pelo Ministério Público por meio do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado – Gaeco acusando aos dois de terem recebidos propina por empresas contratadas como fornecedoras do programa Prato Cheio e de itens ao Hospital Padre Zé, em João Pessoa.
Em sua nota, Pollyana informou que não teve acesso à denúncia publicizada pela imprensa paraibana e que caso haja uma denúncia envolvendo o seu nome, ela agirá para comprovar a ausência de participação da secretaria em qualquer ilicitude. Pollyana encerra seu texto garantindo que está à disposição do Ministério Público e de outros órgãos para contribuir com o esclarecimento dos fatos.
Já Tibério, afirma em sua nota que a denúncia apresentada se baseia em documentos que “não guardam a menor confiança, visto que não passam de manuscritos sem qualquer validade legal, podendo ter sido produzidos por qualquer pessoa e em qualquer tempo, com objetivos de imputar a alguém um ilícito”. O secretário também garantiu que está à disposição do Ministério Público e se diz tranquilo e confiante na realização da Justiça.
Confira nota da secretária Pollyanna Werton Dutra na íntegra:
A secretária Pollyanna Werton se pronunciou por meio de sua assessoria informando que, até o presente momento, não teve acesso à denúncia ventilada pela imprensa, desconhecendo o conteúdo e os supostos fatos narrados na matéria.
Ressalta-se que a conduta da Secretária Pollyanna Werton sempre foi retilínea, inexistindo qualquer mácula durante toda sua vida pública. Caso se confirme a existência de tal denúncia, será comprovada a ausência de participação da secretária em qualquer suposto ilícito.
Mais uma vez, colocamo-nos à disposição do Ministério Público e demais órgãos de controle para contribuir com o esclarecimento dos fatos e a consequente punição daqueles que porventura tenham cometido ilicitudes.
Leia abaixo a nota de Tibério:
NOTA PÚBLICA
Venho a público esclarecer que a denúncia contra mim apresentada está montada em supostos documentos que não guardam a menor confiança, visto que não passam de manuscritos sem qualquer validade legal, podendo ter sido produzidos por qualquer pessoa e em qualquer tempo, com objetivos de imputar a alguém um ilícito.
Durante todo o processo, coloquei-me à disposição do Ministério Público, inclusive formalizando pedido para colaborar com o esclarecimento dos fatos, mas, lamentavelmente, nunca fui chamado.
Mantenho minha tranquilidade e confiança de que a justiça prevalecerá, trazendo à luz a verdade e reafirmando minha trajetória pautada pela ética e pela responsabilidade pública.
João Pessoa, 17 de janeiro de 2025.
Tibério Limeira
A acusação
Conforme o MP, o esquema teria operado com pagamentos de propinas, eufemisticamente chamados de “devoluções”, realizadas por empresas contratadas para fornecimento de itens ao hospital e refeições ao programa Prato Cheio. Pollyanna Dutra teria recebido R$ 70 mil, enquanto Tibério Limeira teria sido destinatário de R$ 50 mil, segundo relatos documentados. Um dos episódios descritos detalha a entrega da quantia a um motorista de Limeira, após orientações do então diretor do hospital, padre Egídio de Carvalho Neto.
Mensagens interceptadas indicam que os valores destinados a Pollyanna Dutra foram maiores devido ao aumento de municípios atendidos pelo programa. As investigações também apontam para uma prevalência de contratos com empresas ligadas ao empresário Kildenn Tadeu, que movimentaram R$ 18,4 milhões em apenas 14 termos de colaboração firmados entre 2021 e 2023.
A denúncia menciona registros em cadernos de anotações encontrados na tesouraria do Hospital Padre Zé e fotografias que detalham as transações financeiras. Entre os denunciados estão gestores como Amanda Dantas, ex-diretora do hospital, e o próprio padre Egídio, que teria coordenado parte dos desvios.
O MP destaca que esta denúncia aborda exclusivamente o crime de organização criminosa, previsto no artigo 2º da Lei nº 12.850/13, mas ressalta que outros delitos estão sendo investigados em ações penais separadas.