Seis pessoas morrem e 15 são presas em megaoperação policial na Bahia
Uma megaoperação da Policia Civil da Bahia, que contou também com colaboração de equipes de Polícia Militar, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, resultou em seis mortes e 15 prisões na manhã desta sexta-feira (22).
Segundo a Polícia Civil, cinco das mortes ocorreram em Salvador, no bairro de Águas Claras, e uma em Feira de Santana —inicialmente, a corporação havia dito que todas as mortes ocorreram na capital baiana.
A polícia afirma que os mortos resistiram à prisão. “Nas diligências, 15 homens e mulheres tiveram os mandados de prisão cumpridos e seis resistiram, foram socorridos para o hospital, mas não sobreviveram”, diz, em nota.
A reportagem questionou se houve agentes feridos, mas não obteve resposta.
De acordo com a delegada Fernanda Asfora, da Delegacia de Homicídios, o grupo que foi alvo da operação em Águas Claras era investigado desde 2017 por assassinatos.
“Já era um grupo monitorado e, diante do crescimento do número de homicídios no bairro de Águas Claras, a gente sentiu a necessidade de planejar uma operação contra esse grupo”, disse a delegada, em entrevista coletiva.
Foram apreendidos dinheiro, armas e drogas durante o cumprimento de 15 mandados de prisão e 43 de busca e apreensão na chamada Operação Saigon. Os presos foram encaminhados para a sede do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), no bairro de Itapuã, em Salvador. A polícia não disse se os detidos já têm advogado.
“Esse grupo é responsável por mais de 30 homicídios. É uma operação resultante do trabalho investigativo de mais de um ano conduzidas por equipes do DHPP, que reuniram informações de campo e utilizaram análises de dados de Inteligência e técnicas investigativas modernas, reunindo elementos de prova contra a atuação dos criminosos e permitindo a representação por medidas cautelares de prisão e busca e apreensão contra integrantes da organização”, disse a diretora do DHPP, delegada Andréa Ribeiro.
A operação desta sexta, segundo a polícia, não tem relação com a ação realizada no bairro de Valéria no último dia 15, quando o policial federal Lucas Caribé Monteiro foi morto.
“É uma operação que vem sendo planejada há um ano. É lógico que essa operação também ocorre dentro de um contexto de conflito entre facções criminosas”, afirmou a delegada.
Ao menos nove pessoas morreram na Bahia em supostos confrontos com a polícia após a morte do agente da Polícia Federal.
AULAS SUSPENSAS
Cerca de 2.0000 alunos da rede municipal de ensino ficaram sem aula na região de Águas Claras.
De acordo com a Smed (Secretaria Municipal da Educação), em decorrência da sensação de insegurança no bairro, cinco escolas —Eduardo Campos, Cantinho das Crianças, São Damião, Iraci Fraga e Francisco Leite—, tiveram as atividades suspensas.
O transporte público também foi afetado na região, com alterações em itinerários. A Semob (Secretaria Municipal de Mobilidade) afirma que os ônibus que operam nos bairros de Cajazeiras 7 e Águas Claras não estão seguindo até os finais de linha.
Folha de S. Paulo
Fotos: Haeckel Dias/Polícia Civil