Sem nenhuma inspeção ou fiscalização as unidades da FUNDAC, juíza teria autorizado transferência de menores para Sousa
A situação dos menores da FUNDAC continua sendo tratada por ofícios despachados entre a direção do órgão e a juíza que responde pela Vara de Menores, o que sugere uma certa indiferença com relação à realidade supostamente precária das instalações e do tratamento dispensado a meninos e meninas.
O certo é que, depois da rebelião estancada a golpes de cacetetes com revides de golpes de estiletes, apenas a transferência dos supostos líderes para o distante sertão do estado.
Rebelião que para o diretor, Noaldo Belo, em declarações à imprensa, não passou de algo trivial, provavelmente comum ao dia-dia da instituição, quando agentes penitenciários e menores se exercitam na troca de golpes.
Explicação que também deve ter convencido a magistrada, já que não foi autorizada nenhuma inspeção ao local, o que seria o procedimento correto, porém, não se tem noticia de que isso tenha ocorrido.
Agora, como consequência da “banal” ocorrência, três menores foram transferidos para Sousa, acusados de liderarem a rebelião, e apenas essa providência teria sido tomada diante de algo tão grave como pode ser considerada grave qualquer violência que envolva menores.
O interior das unidades da FUNDAC permanece um mistério apesar do véu de suspeitas que encobre tudo o que se refere ao ex-governador Ricardo Coutinho acusado de liderar uma organização criminosa ramificada por todos os segmentos do estado envolvendo os demais poderes como constataram as investigações, e isso incluiria a Fundac e qualquer outro órgão de Governo.
São muitas as acusações que pesam contra o órgão e um fato como o da semana passada não pode ser tratado apenas por ofício: impõe-se uma completa e rigorosa inspeção aos locais para saber se as denúncias de maus tratos procedem ou são cavilações.
O que não pode é simplesmente transferir para o fim do mundo três menores como se fossem os responsáveis por todas as mazelas e que em Sousa não teriam as mesmas condições para se rebelarem.
Cabe a juíza e é obrigação dela – não estará fazendo nenhum favor – de mandar inspecionar as instalações, convidar a imprensa para acompanhar e usar de transparência até para preservar a diretoria da Fundac.
Nesse ambiente de sombras e subterfúgios nada será esclarecido muito menos por ofícios, doutora.