Servidores federais da Segurança Pública prometem manifestações de protesto contra Bolsonaro para esta quarta
Já não há mais aquele ardor apaixonado quase idolatria da área de segurança do país em torno da figura do presidente, aclamado como o messias da direita.
Aquele que viria para colocar todo e qualquer comunista de volta as celas de tortura submetido às práticas tão apreciadas pelos que engatilhavam os dedinhos como demonstração de apoio ao truculento candidato saído da caserna prometendo devolver para a periferia aquele povo cujo cheiro sempre foi preterido pelo aroma dos cavalos.
Não se mostrou uma paixão duradoura a que o ódio ao PT despertou nesses segmentos de mentalidade ainda presa as correntes da escravidão e cujo conceito de igualdade se exprime nos grilhões da servidão humana.
Diante das reiteradas decepções, que os servidores da segurança pública federal experimentaram ao decorrer desses anos de obscura trajetória; alvo de manobras solertes, empregadas nos bastidores, contrariando e dissolvendo as promessas e declarações do destrambelhado capitão, cujo humor tétrico encanta tanta gente, parece ter desaguado nas manifestações de repúdio, que devem varrer o país, nesta quarta-feira de protestos.
A lua de mel de ódio tudo indica acabou e agora a realidade sobre um Governo que chegou ao poder por reconhecidas manobras espúrias de um aventureiro togado se evidencia e se cristaliza.
Um juiz que fez da Constituição rolo de papel higiênico para atingir seus objetivos, mas só agora rechaçados pela Justiça do país, depois que as condenações premeditadas foram reconsideradas, apontando para sua anulação.
O sonho de uma sociedade elitista calcada em privilégios e favorecimentos, os mais cruéis e injustos, onde as calçadas estão ocupadas por mãos estendidas, como resultado de políticas discricionárias, que empurram para os fundões, a miséria estabelecida, não vai se concretizar, caso o mais honesto dos ladrões que a política desse país já concebeu, retorne a arena eleitoral, para desespero da imbecilidade que carrega o andor do capitão.
Policiais chamam Bolsonaro de traidor e ameaçam protestos pelo país para anunciar desembarque do governo
Delegados, peritos, agentes da Polícia Federal, policiais rodoviários federais e outras 20 carreiras da segurança pública ameaçam realizar protestos em cidades de todo país na quarta-feira (10).
Integrantes da UPB (União dos Policiais do Brasil), os servidores se dizem traídos pelo presidente Jair Bolsonaro, que teria prometido apoio aos pedidos das categorias para serem poupados de congelamentos na PEC Emergencial.
Os policiais são proibidos de fazer greve, por isso, dizem eles, o plano é realizar paralisações ao longo do dia.
O texto da PEC enviado à Câmara pelo Senado teve apoio do Palácio do Planalto, inclusive, com o voto do senador Flávio Bolsonaro contra a exclusão dos policiais da PEC.
Se aprovado, o texto estipula um gatilho para congelamento de salário e proibição de progressão na carreira e novas contratações sempre que houver decretação de estado de calamidade ou quando a relação entre despesas correntes e receitas correntes alcançar 95%
“É um movimento de traição, são montadas estratégias, deixando o Congresso ser culpado. Com Rodrigo Maia era mais fácil. Agora, no Senado, o governo votou contra a emenda defendida pelos policiais. É uma estratégia de fazer um discurso público e nos bastidores fazer outra coisa”, diz Luis Antônio Boudens, presidente da Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais).
Tanto Boudens como o presidente da FenaPRF (Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais), Dovercino Borges Neto, classificam a postura de Bolsonaro nos últimos dias, quando sinalizou apoio aos policiais, como “jogar pra galera”.
Para o líder dos policiais rodoviários, as categorias estão muito chateadas e o encaminhamento para os protestos e paralisação tem como objetivo ser um “ato simbólico de que a segurança pública desembarcou no governo Bolsonaro”.
Representante dos peritos federais, o presidente da APCF, Marcos Camargo, afirma que os protestos são para chamar a atenção para o que eles consideram “equívocos e absurdos” da PEC.
“É a terceira traição (do governo de Jair Bolsonaro), a primeira foi na reforma da previdência, a segunda na votação da lei complementar 173, que também já trouxe vedações, e a terceira agora. E essa é muito grave”, diz ele.
Edvandir Paiva, presidente da ADPF, que representa os delegados da PF, afirma que o apoio do governo e de alguns parlamentares à versão atual da PEC não é compatível com o discurso que elegeu o presidente.
“Estamos trabalhando, fazendo operação, evitando desvio de recurso do combate à pandemia. Ai, de repente, coloca na Constituição um congelamento salarial por tanto tempo, a gente entende que é desproporcional”, diz Paiva.