Sociedade quer saber quais as forças policiais que davam ( ou dão) cobertura a Coriolano para intimidar e chantagear autoridades
Um dia após – day after – do desmoronamento moral do PSB paraibano com a prisão da parte mais expressiva dos seus membros, incluído o chefão do esquema criminoso, o ex-governador Ricardo Coutinho, o rescaldo das prisões aponta para lacunas graves e inexplicáveis para boa parte da sociedade.
No relatório produzido pelo Ministério Público existem lacunas que causam certa perplexidade pela falta de identificação dos autores de ações, que respaldavam figuras de proeminente influência dentro do esquema e de reconhecida periculosidade como o irmão do chefão, Coriolano Coutinho, conhecido por Cori, que além de arrecadador também tinha o papel de intimidador.
A prisão preventiva de Coriolano aconteceu principalmente por esta capacidade de ameaçar integrantes da Ocrim e conter possíveis reações ao esquema com a confecção de dossiês encomendados e produzidos por uma empresa que teve apenas seu nome e CNPJ divulgados, mas sem a identificação dos responsáveis por missões tão tenebrosas e violentas como a de devassar a vida de autoridades e servidores públicos do gabarito de conselheiros do TCE e auditores.
A sociedade precisa ser informada que forças policiais são ou eram essas que davam respaldo as ameaças e violências capitaneadas por Coriolano. A conotação no relatório do MP que pautou as decisões do desembargador Ricardo Vital leva ao entendimento que seriam forças ligadas ao Estado e comandadas por servidores públicos da estrita confiança do Poderoso Chefão ainda incrustadas no Governo haja vista que não houve mudança significativa no aparelho policial.
Órgãos como o TCE estariam comprometidos e submetidos a esse esquema criminoso por força desses dossiês, encomendados com objetivos criminosos, conforme ficou constatado pelas investigações, que culminaram com a prisão de 17 pessoas, entre elas, Coriolano, que salta à vista funcionava com uma espécie de capo dentro da organização, servindo-se de forças policiais supostamente vinculadas a estrutura administrativa do Estado.
Cabe a pergunta que ainda não foi respondida pelas investigações: quais são as forças policiais que davam ou dão guarida a ação de intimidação comandada por Coriolano. Ainda: como e quem custeava essas despesas, porque tudo leva a crer que o dinheiro desviado dos cofres públicos.
Há um rastro muito forte apontando para essas forças policiais até agora apenas citadas em diversas fases das investigações, mas sem aprofundamento que revele os autores dessa parceria criminosa.
Sabe-se, por exemplo, que Ivan teria sido escoltado por um coronel à época Chefe da Casa Militar; sabe-se também que o dinheiro era recebido e partilhado dentro do hangar do Governo de responsabilidade da Casa Militar, mas, ninguém, além do coronel morto foi identificado apesar de se saber que o esquema funcionou até 2018.
A empresa contratada para produzir dossiês hipoteticamente podia contar com a ajuda dessas forças policiais para produzir dossiês já que se sabe que há um esquema de espionagem funcionando dentro do Comado Geral, ao lado do gabinete do comandante – disfarçado de inteligência para uma polícia que não tem a destinação funcional para investigar nada – e as ordens do comandante geral, como ficou constatado no episódio do espião, surpreendido nas proximidades da Secretaria de Segurança.
Tudo isso forma uma corrente entrelaçada que leva a constatação de um gigantesco e bem aparelhado esquema de espionagem e de intimidação, que pode e deve estar afinado e submetido ao capo da Ocrim, já identificado como Coriolano Coutinho tão perigoso que fazia medo aos demais membros da organização montada por Ricardo Coutinho para eternizar-se na política paraibana, seguindo aquela tradição dos grande corruptos brasileiros, que tem em Paulo Maluf a sua maior e melhor tradução: rouba, mas faz.
Por toda essa associação lógica a sociedade exige que sejam identificadas as forças policiais que davam respaldo as ações de intimidação e chantagem a autoridades públicas e a servidores graduados dos poderes, como ressalta o relatório do MP, já que também há indícios de que, esses tentáculos teriam se estendido a outros poderes como o judiciário, onde juízes e até desembargadores também estariam submetidos a essas pressões criminosas.
Esse tipo de lacuna não pode existir nem deve existir numa investigação tão abrangente e que parece pecar por omitir participações tão efetivas dentro da organização até agora imunes aos efeitos da Lei, porque acobertados ou omitidos de forma inaceitável e inexplicável para a sociedade.
O portal encerra cobrando essas explicações: quem são as forças policiais que davam apoio a Coriolano, e onde elas funcionam e como funcionam dentro do esquema. É chegada a hora de dar nomes aos bois.