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Teatro: A arte de educar e transformar vidas nas escolas de João Pessoa

Em João Pessoa, o teatro não é apenas uma forma de arte, é uma verdadeira ferramenta de mudança social. A teoria hipodérmica, ou efeito direto e rápido, ensina que mensagens podem ser absorvidas instantaneamente pelo público, sem intermediários. E é exatamente isso o que o teatro tem feito nas escolas da capital paraibana: impactado de forma profunda e imediata os estudantes, transformando suas realidades e perspectivas.

Uma verdadeira revolução silenciosa, mas poderosa, acontece diariamente, com o teatro sendo utilizado como um instrumento de inclusão, aprendizado e empatia, capaz de mudar vidas e abrir portas para o futuro.

Yasmim Araújo da Silva, 16 anos, autista, fala com clareza sobre essa transformação. Para ela, o teatro foi o caminho que a ajudou a se entender como ser humano, a se aceitar e, mais do que isso, a se encontrar no mundo. “O teatro me abriu portas e me fez refletir sobre muitas questões na vida”, conta Yasmim. Ela reflete ainda sobre o poder do teatro em romper estereótipos, desafiando a visão limitada que muitas vezes a sociedade tem sobre pessoas autistas. Yasmim não é uma exceção, mas um exemplo de como o teatro, no impacto imediato de suas apresentações e experiências, pode libertar as pessoas de rótulos e limitações.

A transformação que o teatro proporciona é imediata e profunda, tanto para quem o pratica quanto para quem o assiste. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Pedro Serrão, no bairro do Cristo Redentor, o grupo de teatro Kairós é um exemplo vivo disso. Ali, jovens como Yasmim encontram espaço para se expressar, se fortalecer e acreditar em seus sonhos. Flavinho Ramos, o idealizador do projeto, enxerga o teatro como um meio de ajudar esses alunos a se tornarem seres humanos completos e funcionais, capazes de alcançar qualquer objetivo.

O Teatro do Encantamento, como Flavinho o chama, faz exatamente isso: transforma de dentro para fora. E o impacto é real. Alunos que entraram no projeto com poucas perspectivas hoje estão em universidades, como a UFPB, e se tornaram assistentes de direção. Um exemplo é Maria Clara, 21 anos, que no teatro encontrou a força para transformar sua vida. “O teatro me salvou”, ela afirma com convicção.

Mas o impacto do teatro não se limita apenas ao campo da expressão artística. Em João Pessoa, o teatro invade também outros setores da sociedade. A Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob-JP) usa o teatro como uma poderosa ferramenta na educação para o trânsito. Através de peças lúdicas, a Semob atinge diretamente as crianças, transmitindo de forma simples e divertida conceitos importantes sobre comportamento seguro no trânsito.

Além disso, a Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania (Semusb) também utiliza o teatro de fantoches para ensinar sobre segurança, empatia e preservação ambiental. Essas ações, aparentemente simples, têm um grande efeito educacional, pois atingem as crianças de maneira direta, rápida e eficaz, promovendo valores essenciais para o desenvolvimento de uma sociedade mais consciente e harmônica.

O teatro é o primeiro soro que o homem inventou para se proteger da doença da angústia, disse Jean Barrault. Nas escolas de João Pessoa, o teatro é justamente isso: um antídoto contra a angústia de uma sociedade que ainda precisa aprender a valorizar a diversidade, a inclusão e o potencial humano de cada indivíduo.

A arte de educar através do teatro é uma realidade que se expande a cada dia nas escolas de João Pessoa. Ao dar espaço para que cada aluno se expresse e se veja de maneira única, o teatro transforma não só o aluno, mas a própria sociedade. E, ao ser inserido em áreas tão cruciais quanto o trânsito e a segurança, o teatro ganha uma nova dimensão, provando que pode e deve ser uma presença constante em todos os aspectos da formação do cidadão.

Assim, a cidade se torna um palco de transformação, onde a arte é a chave para um futuro mais inclusivo e humano.

Teatro: a arte de transformar vidas, abrir portas e, acima de tudo, educar.

Fotos: Quel Valentim e arquivo

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