Trucidamento moral tem sido a marca dos primeiros embates eleitorais em Bayeux
Nada mais asséptico do que uma campanha eleitoral onde o passado e o presente dos candidatos são vasculhados com lentes de aumento. Esses mergulhos de apneia política costumam trazer a tona lembranças de fatos estarrecedores, que costumam denigrir a imagem dos postulantes a cargos eletivos, muitos deles de memória fraca pouco habituados a preservar a compostura que os cargos pretendidos exigem.
Então, de repente, não mais que de repente se deparam com o que já haviam enterrado nos escaninhos da memória, deliciando a plebe ignara, que se diverte com esses espetáculos de trucidamento moral aos quais certos programas de rádio e TV se especializaram exibir em uma reprodução do que acontecia no Coliseu Romano, garantindo e aumentando a audiência com a sangria da reputação desses gladiadores modernos.
Essas cenas de retalhamento moral tem alcançado audiências espetaculares em muitos dos municípios paraibanos e tem dado trabalho a Justiça Eleitoral sempre atenta para impedir os golpes abaixo da linha de cintura, no entanto, sem a agilidade necessária para evitar que os bugalhos de alguns campeões sejam esmagados.
Esse vale-tudo pode ser visto com mais intensidade no município de Bayeux, reduto da mais refinada malandragem quando o quesito é imoralidade pública e onde canela virou pescoço, depois de iniciado o período eleitoral. Com intensa munição e fartura de acontecimentos tenebrosos no campo da corrupção, os candidatos fazem a festa na troca de acusações e impropérios, deliciando os ouvidos da audiência e acendendo a fogueira de fuxicos que se alastra pela cidade há quase duas décadas e tem queimado muitas reputações.
O que se escuta é um exercício de memória fenomenal sobre quem lembra mais dos tristes espetáculos que destruíram a imagem da cidade ribeirinha, e velhos protagonistas se exibem mais uma vez para o distinto público duelando com as armas que lhe são apresentadas, empenhados apenas em desferir os golpes na urgente necessidade de calar as acusações que lhes são imputadas.
Os Bergs, as Luciene, os Diegos e os Adrianos, e tantos outros protagonistas desse deprimente espetáculo estarrecem as pessoas mais recatadas do município, mas também divertem os maledicentes, os que se acostumaram a esse circo de horrores e dele pretendem apenas tirar vantagem, votando no que lhe der mais contribuindo para que Bayeux permaneça enterrada na lama da corrupção, e eles afogando o censo crítico nos favores que são oferecidos pelos estupradores da consciência eleitoral.
Pelo o que se assiste no dia a dia e pelo que revelam as primeiras pesquisas, Bayeux demonstra que deve permanecer sendo o berço esplêndido da corrupção.