Trump é considerado culpado por abuso sexual e difamação de jornalista
O ex-presidente dos EUA Donald Trump abusou sexualmente da jornalista Elizabeth Jean Carroll na década de 1990 e a difamou por chamá-la de mentirosa, decidiram jurados em processo civil em Nova York nesta terça-feira (9). Embora tenha descoberto o abuso sexual —suficiente para responsabilizá-lo por agressão—, o júri da corte federal de Manhattan rejeitou a acusação inicial de estupro. (via Folha de S. Paulo)
O veredicto dá ao republicano mais um revés em sua campanha para retornar ao poder em 2024, mas, assim como decisões anteriores, não o torna inelegível. Isso porque os Estados Unidos não têm uma lei equivalente à Ficha Limpa, que, no Brasil, impede a candidatura de pessoas que foram condenadas por um órgão colegiado (mais de um juiz), tiveram o mandato cassado ou renunciaram para evitar a cassação.
Os seis homens e as três mulheres que compõem o júri deliberaram por quase três horas antes de chegarem a uma obrigatória unanimidade, e decidiram que Trump deve pagar US$ 5 milhões a Carroll pelos danos causados. O ex-presidente, porém, não será obrigado a arcar com a multa enquanto o caso estiver em apelação. Além disso, ele não corre o risco de ser preso, por se tratar de um caso civil.
Ausente durante todo o julgamento, que começou em 25 de abril, Trump afirmou em sua plataforma, a Truth Social, que a decisão era uma “desgraça”. “Não tenho absolutamente nenhuma ideia de quem é essa mulher”, afirmou. Na porta do tribunal, seu advogado, Joseph Tacopina, classificou o veredicto de “estranho” e disse ser impossível conseguir um julgamento justo para seu cliente em Nova York. “Foi um caso de estupro o tempo todo e o júri rejeitou isso, fez outras descobertas. Obviamente, apelaremos dessas outras descobertas”, afirmou.
Carroll deu as mãos a seus advogados enquanto o veredicto era lido —e assim também saiu da corte em meio a câmeras e jornalistas, enquanto sorria. Ao lado de sua advogada, Roberta Kaplan, entrou em um carro sem falar com os repórteres. Mais tarde, a jornalista afirmou em nota que apresentou o processo para limpar seu nome e recuperar sua vida. “Hoje, o mundo finalmente conhece a verdade. Essa vitória não é apenas para mim, mas para todas as mulheres que sofreram porque não acreditaram nela”, afirmou.
Colunista da revista de moda Elle por 26 anos, Carroll trouxe o caso à tona em 2019, quando a New York Magazine publicou um trecho de seu livro de memórias. Na sua versão, ela se encontrou casualmente com Trump na loja Bergdorf Goodman da Quinta Avenida, em Nova York. Naquela época, Trump era um proeminente promotor imobiliário, e ela, uma conhecida jornalista e apresentadora de televisão.
Durante o processo, Carroll disse em depoimento oficial que Trump a teria empurrado contra a parede e estuprado no vestiário da loja. Os jurados tiveram a tarefa de decidir se houve estupro, abuso sexual ou toques à força na ocasião —uma agressão em qualquer uma das hipóteses. Posteriormente, eles foram provocados a decidir se Trump difamou Carroll ao disparar sua artilharia e afirmar que Carroll inventou as acusações para tentar aumentar as vendas de seu livro e prejudicá-lo politicamente.
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Foto: Reprodução/Wikipedia