Votar ou não votar: eis a questão!
Votar ou não votar: eis a questão!
Arnaldo Costa (*)
O título lembra aquela frase dita por Hamlet “ser ou não ser” na peça do famoso Shakespeare. Retrata o
momento em que o homem tem que tomar uma decisão diante de algum fato.
Há um pensamento que diz: “Quem não vota, não tem o direito de reclamar”. Qual a razão desse
pensamento? Se você não acredita em algo como o governo, por que iria participar de um evento se
você não acredita? Por outro lado, se você vota em alguém, automaticamente você concordou com a
existência do sistema de governo e com todas as suas conseqüências boas ou ruins.
Esse fato é justamente o momento da decisão de votar ou não votar. Se votar ou se não votar quais as
conseqüências?
Pela visão ideológica, esse pensamento pode ser considerado coerente e por isso, ficar com a
consciência tranquila. Mas pela visão pragmática – do dia a dia – a tendência é você ver acontecimentos
que podem interferir na sua vida, pelo menos por longínquos quatro anos. O ato de não votar também
implica em você estar apoiando a escolha da maioria. E no Brasil, a história mostra que quase sempre
essa maioria é burra. Nem precisa ser unanimidade, como dizia o nosso saudoso Nelson Rodrigues. Este
ano, tivemos vários exemplos dessa assertiva, como em Recife, Salvador, São Paulo, Rio, Porto Alegre e
outras cidades. Aqui em João Pessoa, a situação não foi de escolha burra, mas de não haver opção em
quem votar, o que é um sinal triste do nível dos nossos políticos.
Portanto, o “não votar” ou “votar em branco” ou “anular seu voto” pode ter efeitos adversos às suas
posições políticas e ideológicas. Vejam o exemplo bem recente dos resultados do 1º turno na cidade de
São Paulo, onde o total de votos em branco, nulos e abstenção chegou a 3.647.901 votos superando o
total de votos dados ao coveiro e ao invasor, indo para o 2º turno que foi 2.834.749 votos. E se
acrescentasse o França, ainda ficaria aquém.
Tal fato prejudicou enormemente às expectativas de milhares de eleitores da direita, mas que
preferiram ficar em casa com medo da peste chinesa ou por puro comodismo. Eis a questão: a direita,
como brinca o Sikêra Jr, “se arrombou-se”. E não adianta chorar nem alegar fraude, pois quem deveria
ouvir as reclamações e lamúrias não está nem aí que é o inútil TSE, a jabuticaba do Judiciário brasileiro.
Depois de muitas reflexões, concluí que o momento exige uma posição prática visando os resultados
quanto do voto. É votar. Aí surge outra questão: em quem votar? No caso do 2º turno, onde ambas
opções forem contra sua ideologia, a saída é votar naquele menos ofensivo, tanto à sua ideologia como
nas consequências práticas do seu dia a dia, simples assim.
Temos também o exemplo das eleições em João Pessoa em que ambos os candidatos são medíocres em
suas propostas e com suas fichas pregressas recheadas com investigações policiais, tanto da CGU, PF,
Justiça Federal e Policia Civil. E agora, em quem votar?
O que fazer diante dessa verdadeira “sinuca de bico” ou “beco sem saída”? O mais sensato seria que as
eleições fossem anuladas, mas isso fica no sonho. Mesmo porque tal possibilidade não consta da
legislação eleitoral. Então, não há outra saída a não ser votar naquele com menor probabilidade para
uma administração desastrosa e ou ver o seu Prefeito ser afastado por uma ordem de prisão.
Ah, tem aquele aspecto do justificar ou não o seu voto. Mas isso é uma grande balela alardeada pelo
desnecessário TSE que a cada dois anos fica gastando o nosso dinheiro com publicidade inócua com ameaças de que você pode ser prejudicado nisso ou naquilo. Piada brasileira. Ninguém neste país foi penalizado com essa questão.
Basta você pagar uma multinha vagabunda e tudo bem. E mais, votar não significa necessariamente ser um ato próprio da democracia. Nas ditaduras dos Castros, Kim Jong-um, Maduro e Xi Jinping também existem eleições para seus dirigentes públicos. E nesses “paraísos” tais eleições não geram confusão nenhuma nem ninguém reclama.
Não é lindo?
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(*) Professor de Adm. Pública. Pós-Graduado em Filosofia